Mãe solo


Foto: Arquivo pessoal

*Natalie Machado

Esses dias parei na porta do quarto e dei uma espiadinha sem que meu filho percebesse. Fiquei admirando aquela cena por alguns segundos. Ele, deitado na cama, assistindo ao desenho favorito sem piscar. Corri na cozinha e disse a minha mãe: “Vi o Henry lá no quarto em uma tranquilidade, meu coração encheu de amor! Estou tão feliz! Posso proporcionar isso a ele.” Ela, rapidamente, respondeu: “É, minha filha, você está conseguindo!”.

Pronto! Eu não precisava de mais nada! Fui dominada pelo sentimento da vitória diária. Porque, vou te contar, optar por criar um filho sozinha não é moleza! Pago um dobrado!

No dia seguinte, eu e ele acordamos cedo para ir à escola. Antes que saísse do quarto, ele me chamou: “Mamãe, vem aqui. Abaixa!”. Ele me olhou nos olhos, me deu um beijo e disse: “Bom dia, mamãe! Te amo!”. Como boa canceriana, meus olhos encheram d’água e um filme passou na cabeça. De fato, estou conseguindo ensiná-lo sobre o amor.

Porém, não se enganem! Meu coração é testado a cada segundo. Dia desses, cheguei em casa e minha mãe me deu a notícia: “Henry passou mal. Veio me contar que comeu tinta escondido!”

Pensei: “Puta merda! Tô E-XAUS-TA!”. Voei para o hospital! A febre estava alta. Eu não conseguia nem conversar. Fui pensando… Gente, não tem nem duas semanas que fui ao hospital com ele porque bateu a cabeça e cortou. Não deu ponto por pouco. Esteve no hospital também no mês anterior… SE-NHOR! Fiquei rindo ali na frente da enfermeira, mas de nervoso, porque a vontade era de abrir o berreiro. Carregar 20,5kg no colo não é brincadeira!

Como um anjo, o médico nos atendeu. Sorridente! Quebrou o gelo. Resumo da ópera: a febre era por conta de inflamação nas amígdalas. E a vermelhidão no corpo? Resquício da tinta que ele tinha passado para tentar virar o personagem favorito. O QUATRO BRAÇOS! Eu ri. E muito!

Em milhares de sessões de terapia, tenho entendido que optar por ser mãe solo não é fácil, mas, acredito que, para mim, neste momento, seja uma boa alternativa. Controle emocional e diminuição da ansiedade estão no pacote. Depois da dose de amor, o fardo fica bem mais leve. Afinal, é muito adulto dizer isso, mas aprendi que devo, mesmo, viver um dia de cada vez. Meu filho hoje já estava saltitante! Graças a Deus!

*Natalie Machado é mãe, jornalista e aprendiz da vida.

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