Qual é o resultado?

Foto: Depositphoto

*Brenda Abreu

Eram 5h55 da manhã quando saí da casa da minha tia para fazer exames. Lá abria às 6h, e o tempo de deslocamento para o laboratório era de 5 minutos. Tudo calculado para ser a primeira a ser atendida. O dia ia ser corrido e precisava do tempo a meu favor.

Alguém mais impaciente que eu chegou antes, talvez dois ou três minutos. O homem estava sentado e olhou em minha direção quando entrei. Deixei minha frustração de lado. “Bom dia”, cumprimentei. Ele igualmente respondeu. Fui em direção à cadeira atrás dele com a senha número 2 em mãos.

Uma eternidade se passou e nada de sermos atendidos. O homem, que deveria ter uns 30 anos, se levantou e foi em busca de respostas. “Moça, estou com um pouco de pressa, vai demorar muito? Preciso ir trabalhar”, disse educadamente. A atendente perguntou o que ele precisava. “O resultado de um exame de paternidade.”

Perguntei-me por que ele estaria ali, pessoalmente, para pegar o resultado, sendo que é tão mais fácil acessar pela internet. Provavelmente por conta da importância daquele exame, que, nada mais justo, vir em papel timbrado.

Antes impaciente e agora curiosa, fiquei assistindo a tudo aquilo com atenção. O painel do laboratório chamava a senha número 1, finalmente. Pedro, nome que informou à atendente, dirigiu-se ao guichê.

Ali no atendimento, uma assinatura. Fui ficando desapontada, pois sabia que o tempo de Pedro no laboratório estava chegando ao fim. O resultado de uma vida (que não tinha nada a ver com a minha) iria ser descoberto fora dali.

E foi o que aconteceu. Pedro, com o papel em mãos, agradeceu a atendente e saiu do laboratório examinando o conteúdo que tinha ali. Qual foi o resultado? Nunca vou saber.

Tentei decifrar o rosto de Pedro. Impassível. O painel alertava a minha senha, me trazendo de volta ao que interessava. Aquele homem, sem intenção, reorientou minha manhã. Com um simples exame de DNA, tudo muda. O dia de Pedro seria graça ou desgraça. Nunca irei saber.

A agitação em mim, de tempos atrás, tinha ido embora. Eu só queria viver aquele dia com calma, sem nenhuma preocupação. Fiquei desejando que o mesmo acontecesse com Pedro.

*Brenda Abreu é jovem e sonhadora. Simplicidade e afeto, intensidade e coragem. Aprendiz da vida, e apaixonada por ela.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *