Likes não são amor
*Victor Rosa
Um olho nas redes sociais, tá lá um pai vestido de princesa para uma festa da filha. Outra stalkeada, o cara com oitocentas fotos de diversão com os pequenos. Mais uma descida no feed, cidadão família total, frequentando todas as aulas dos seus pimpolhos.
Porra, onde estou errando? Será que sou uma merda de pai?
Tenho que trabalhar, tentar dar um futuro melhor para a pequena, desdobrar com os horários para buscar um mínimo de qualidade de vida para sobreviver com alguma dignidade física e de saúde.
O efeito comparação que ocorre com todos, vendo as supervidas, a felicidade a todo tempo dos outros, ocorre também com nós, papais. Do mesmo modo que a frustração aparece quando medimos nossas vidas com a régua das redes sociais, os pais também têm essa sensação quando encontram perfis de pais com exposição demasiada.
O conforto, se é que podemos usar essa expressão, vem quando a gente conhece um pouquinho a realidade da galera da superexposição. Sabendo como é de verdade, fica fácil entender que há ali duas vidas: uma vida real, com os mesmos pepinos que temos que descascar, e uma outra bem diferente, do papai presente full time. Esse papai só existe quando se coloca login e senha no app para postar. Ufa!!
Como nós, papais modernos, vamos medir nossa efetividade na criação dos nossos pequenos?
Pode apostar, amigão, não será por uma rede de milhares de seguidores, não será por um tantão de coraçõezinhos de curtidas. Dia desses, veio um relatório da escola: foi tipo uma nota 10 com louvor!
Fiquei extremamente feliz, satisfeito por termos feito um bom trabalho com a Tayla até aqui. Nas brincadeiras, corridas ou com tempo, vem um abraço de agradecimento, vem um “eu te amo” sem interesse, vem um sorrisão e uns olhinhos apertadinhos focados! Pronto, eis aí meus likes favoritos!
Feliz Dia dos Pais!
*Victor Rosa é escorpiano e flamenguista, ambos com convicção; policial, poeta e praticante de jiu-jitsu. Dessa mistureba, saem as escritas, os problemas e as soluções!