Vendo consciência em frascos com flores
Talvez eu esteja ficando chata. Talvez eu já fiquei e só percebi agora. Só porque eu levei umas bordoadas da vida e acho que aprendi com elas isso não me dá o direito de colocar a consciência em frascos com flores e sair oferecendo por aí. Não sou psicóloga, terapeuta, muito menos consultora sentimental. Eu escrevo o que observo em mim.
Quem sou eu pra dizer o que uma amiga tem de fazer?
Ela me pediu opinião? Não.
Ela só me contou o que ia fazer, dividiu comigo, confiou numa escuta sem julgamento.
E eu fui logo dando sermão:De novo, amiga?
Quando percebi, lá estava eu num altar dando meu veredito. A condenação escapou da minha boca. De novo, amiga, e quantas vezes você quiser. É a sua vida, diferente da minha, é o seu processo de autoconhecimento, não o meu, e quem sou eu pra dizer o que é certo ou errado? Não sou melhor que você. Eu erro, eu me contradigo, escorrego no “de novo” assim como você.
Sabe o que aconteceu? Eu só enxerguei em você minha própria imagem. Minhas fraquezas e limitações. Eu já conheço tanto esse caminho que queria desviar a sua rota. Vem cá, e quem disse que meu desvio é o correto? Foi só a saída que eu encontrei pra mim.
Como me diz meu sábio professor, livro de autoajuda só adianta pra quem escreveu. Consciência não está à venda, nem em frascos nem em livros. Não tenho a verdade e isso só me fez ver o quanto é fácil eu me colocar numa posição de superioridade. Não existe alguém que saiba o que é melhor pra você do que você.
Me desculpe porque ando chata mesmo. Se alguém, tempos atrás, me dissesse não faça isso, nem ia perder tempo refletindo, eu faria só pra provar que comigo seria diferente. Cada um precisa passar pelo que tem que passar. Cada um tem seu tempo e uma história muito individual. Ficar sacudindo o outro pra que ele acorde é chato, muito chato e só mostra o contrário. Quem precisa ser sacudida sou eu!