Ser bonita cansa
Recentemente a Cléo Pires deu uma entrevista para explicar o porquê de ter engordado 20 quilos. Estava ela, em um domingo, em horário nobre, tendo que justificar uma compulsão alimentar e prometendo: “Já estou me tratando”.
Questionada pela repórter, ela afirmou que decidiu dar aquela entrevista porque as críticas ao físico dela estavam tão constantes e agressivas que ela se sentiu na obrigação de dar satisfações ao público.
Assisti toda a entrevista e enquanto Cléo falava, sentia que a única coisa que ela queria, naquele momento, era despertar a empatia naquelas pessoas que a criticavam de forma tão irracional. Empatia que deveria ser natural, teve que ser provocada, praticamente implorada.
E me pergunto: por que uma mulher tem que ir à televisão pra explicar o motivo de ter pulado de manequim 36 para o 40? Sinceramente… Só consigo pensar na resposta mais simplista: “O mundo está perdido”.
Mais importante que isso, me pergunto: quantos homens foram à TV explicar as suas barrigas de chopp? Quantos homens tiveram que dar satisfação sobre seus pesos? Ou sobre terem deixado de usar camiseta regata pra usar camisa gola polo?
Em pleno século 21, um assunto irrelevante como esse ainda vira pauta. Rende audiência. E o pior: eu assisti, confesso. Até o fim.
No fim, saí com a mesma impressão que entrei: a ditadura da magreza mata, seja por bulimia ou por depressão.
Cléo continua a mesma: uma mulher maravilhosa, com 45 ou 65 quilos. A essência dela tem exatamente o mesmo peso.
De fato, ser bonita escraviza. E tudo que é imposto cansa. Não serei hipócrita: que possamos olhar a embalagem, mas principalmente, que aprendamos a admirar a essência. Afinal, uma hora, todo presente desembrulha.