Desconstruir para reconstruir

Foto: Arquivo pessoal

*Janaina Sobrino

A luta pela desconstrução é diária e precisa ser temperada com amor. Há sete anos fui mãe pela primeira vez, de uma menina, a minha Cecília. Ela é linda e o seu temperamento é de comida mexicana – doce e picante! Educá-la não é fácil, mesmo em tempos onde nós, mulheres, conquistamos mais espaços em todas as áreas.

Certa vez, no parquinho, estava com um grupo de mães de meninos conversando. O assunto: a história de um PM que se matou porque a mulher o largou. Logo comecei a desconstruir. Falei que o mundo era cruel com os homens no que se refere a aprender a lidar com as frustações. As mães pasmas pararam e me questionaram.

Citei um exemplo: se uma menina cai e se machuca todos correm para acudi-la, deixam ela chorar, desabafar, dão colo. Mas se é um menino: “Não foi nada não! Levanta logo, homem não chora!” E que tais ações ensinam aos meninos reprimirem seus sentimentos. As mães começaram a repensar a forma de educar. Sempre que posso reafirmo que criança é criança e precisa identificar os sentimentos e saber lidar com eles, isso é uma maturidade emocional que se conquista.

Há sete meses sou mãe novamente, desta vez de um menino – o meu Gabriel. Meu Zé Bolinha, simpático e de os olhos azuis. Um sucesso! E por ser um sucesso escuto muita coisa que respondo com amor e precisão. Uma vez, estava na piscina com o pequeno e um pai elogiou os meus filhos e soltou a seguinte frase: “Nossa ele é lindo! Vai fazer sucesso com as garotas! Vai ter mais de uma, tenho certeza! Olha a cor desses olhos!” A mãe simpática de plantão logo respondeu com um sorriso nos lábios: “Vai não, ele vai apreender a respeitar as mulheres e a se respeitar!”.

Mesmo sendo um bebê, a sociedade que nos cerca já quer “implementar seus pensamentos retrógrados só porque é um menino!” Quando saio com ele tenho que lidar com o fato de que pessoas quererem tocar nele só porque é bonito. Sabe aquela máxima de respeitar o corpo do outro? Pra mim cabe aqui, porque é de pequeno que se apreende. Mas nada de palavras agressivas, mas sim objetivas e explicativas! E assim vamos desconstruindo para construir um mundo melhor.

*Janaina Sobrino é mãe de dois 24 horas e fofoqueira de profissão – jornalista. Amo viajar, comer e conversar. “A vida precisa de temperos e uma boa dose de consciência individual e plural”.

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