Reflexões

Foto: Arquivo pessoal

Eire da Silva Bomfim

Todo fim de ano, faço três reflexões especiais, primeiro pelo ano vivido, pelo novo que chega e pelo meu próprio ciclo que se renova todo dia 2 de janeiro. E é impossível não perceber toda a esfera de prestação de contas-expectativa-consciência que tomo nessa época.

Não me lembro desde quando o faço, nem de alguma retrospectiva parecida com a outra. E, a cada ano, tomada pelas vivências, pela maturidade e no me permitir, acaba sendo mais introspectivo e intenso. Vamos trocando queixas por gratidão. Desculpas por empatia a si mesmo.

E, graças a Deus, que não temos o controle, nem um ano é igual ao outro. Seria, no mínimo, entediante saber exatamente como tudo poderia ser. A longo prazo, perderíamos a graça, a surpresa, a descoberta, o aprendizado e, provavelmente, seria dispensável fotografar, escrever, recordar, ressignificar, sentir, crescer.

Mentiria se dissesse que nunca pensei que poderia doer menos, correr menos, sentir menos, porque algumas situações extremas nos forçam hastear bandeira branca. Mas, foram exatamente elas que trouxeram marcas das que mais me orgulho e a força que jamais imaginei que teria.

Marcas profundas regadas de lágrimas, fé e de gratidão. Talvez, para esse ano que foi intenso do início ao fim, eu diga, para mim mesma: sobrevivi. Para o ano que chega, diria: estou pronta e, para os 35, pediria um: pega mais leve dessa vez.

Mas, depois de dizeres tão inocentes, diante da grandeza cheia de mistérios da vida, a gente “só” sinta gratidão pelo ontem, pelo hoje e pelo amanhã. Certa apenas de que posso desejar o que quiser, mas, com o destino, a gente só joga as cartas da mão porque a vida é que tem as cartas na manga.

Então, que eu sinta um pouquinho mais do tudo a minha volta, a começar de mim mesma. E, quanto a 2019, sou-lhe grata pelo o que foi. A 2020, seja o que precisa ser. E aos 3.5, celebro a vida, cada vez mais rica e leve, com a consciência de que posso ser grata sempre e em quaisquer circunstâncias.

*Me chamo Eire da Silva Bomfim, sou a eterna filha, aprendiz de mãe, advogada e gastrônoma, e aquela que persiste em sentir o que as palavras conseguem nos dizer.

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