Jornalismo home office

Foto: Arquivo pessoal

*Janaina Sobrino

Quando me formei em jornalismo nunca imaginei que viveria uma situação tão extrema como a que estamos vivenciando hoje! Em um bom repórter, essa relação de amor e ódio com a profissão que se escolheu é um eterno pulsar. É a vontade de estar em todos os lugares, pegar as informações, repassar ao público, participar, interagir. É vital… tão vital quanto se recolher em quarentena, para se proteger e proteger aqueles que amamos.

As tecnologias estão aí para nos auxiliar, hoje mais do que nunca, a fazer o bom e velho jornalismo. Mesmo não sendo presencial, aquela coisa de olho no olho, a entrevista tem que aflorar no meio do telefonema, da mensagem gravada por áudio ou por vídeo. É a informação, é o apurar, é encontrar a fonte e não desistir de fazer uma matéria bem feijão com arroz, para a senhorinha que está em casa ou o jovem que teimam em sair nesse momento significativo, que mesmo distantes somos juntos e mais fortes!

E ao mesmo tempo em que o mundo não para, mas se silencia e murmura as situações, a vida dentro do nosso lar não se aquieta. São as crianças, alegres, destemidas e radiantes, que gritam, pulam, choram e mostram que a vida é mais que um momento. E, nesse cenário, há os pais, se desdobrando, cuidando, trabalhando e buscando o equilíbrio. São nossos pais pedindo atenção ou simplesmente a solidão querendo um instante das nossas 24 horas.

Um minuto você é a repórter que está buscando uma fonte, o personagem. No seguinte, você é a mãe que troca a fralda, que briga com a criança ou lhe afaga os cabelos. Como é corrido e ao mesmo tempo louco! Como há momentos em que temos que respirar pra não largar tudo e viver apenas um papel!

Ao mesmo tempo, essa relação de amor e ódio pulsa e nos empurra para o dever de informar, de repassar os pontos fundamentais, de mostrar que, mesmo em silêncio, o mundo se movimenta mais rápido do que pode ser percebido.

E isso é somente uma profissão, em meio a tantas outras que estão no olho do furacão, como quem atua nos hospitais ou na segurança pública, mas que estão lá, de olho no futuro, na esperança do amanhecer.

*Janaina Sobrino é mãe de dois 24 horas e fofoqueira de profissão – jornalista. Amo viajar, comer e conversar. “A vida precisa de temperos e uma boa dose de consciência individual e plural”.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *