Esse imenso, desmedido amor

Vista aérea de Brasília com o Lago Paranoá e a Ponte JK ao fundo
Foto: Arquivo pessoal

*Mariana Londres

Cheguei pelo ar. E não tem jeito melhor de re-conhecer Brasília do que pelo céu, que, em pleno outubro, não tinha uma nuvem sequer. E um azul infinito. Do avião o cartão postal é perfeito. O céu no ar, e, no chão, o avião.

Eu parecia uma criança vendo do alto o que eu conhecia de baixo, da terra, na infância. As lembranças da casa do meu tio, de algumas férias de julho subindo em mangueiras, sem nenhuma chance de se molhar. Mas agora não eram férias. Eu estava vindo para morar.

Vim com a chuva. Estranhei tanta água numa cidade famosa pela secura. “Aqui quando chove a gente não reclama”, disse um amigo.

E quando veio a primeira seca, susto de novo. “100 dias seguidos sem nenhuma gota caindo do céu? E as nuvens que aparecem, fogem pra onde?”, eu perguntava.

Assim como as nuvens, levadas pelo vento, não tive escolha. Foi o destino que me trouxe até aqui.

O que só faz tudo ficar melhor. Uma boa surpresa a cada esquina, na cidade sem esquinas.

Em pouco tempo descobri que as superquadras são um conceito quase perfeito de morar, e não tão perfeitos são os grandes eixos, as tesourinhas, as passagens subterrâneas ou o buraco do tatu.

Morei em uma casa cheia de mangueiras por quase cinco anos. Um gosto de infância. O refúgio perfeito na capital do país.

Demorei pra descobrir que o lago foi feito pra remar no nascer do sol. E também pra fazer amigos. Mas agora, uma década depois, tudo se encaixa. Volta e meia o meu trabalho, ou o meu coração, tentam me tirar daqui.

Não quero ir embora de Brasília porque me apaixonei. Cheguei pro aniversário de 50 anos. E espero que essa história de amor faça bodas de ouro.

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