O “novo normal”

Foto da Monalisa usando máscara cirúrgica para o texto O novo normal, de Juliana Ribeiro
Foto: Pexels

*Juliana Ribeiro

Estou na sexta semana de quarentena. Na sexta semana de “prisão”. Na sexta semana desse jeito de viver chamado de “novo normal”. Como essa era vai impactar minhas relações pessoais e profissionais? Tudo ainda é muito vago e incerto, mas o uso de máscaras no dia a dia parece ser o novo normal de agora em diante.

Como ainda não tive contato físico com hospitais e pessoas com a Covid-19, o uso de máscaras é para mim, até agora, o maior símbolo visual desse período caótico. Me lembra um filme apocalíptico que saiu das telas. O irônico é que sempre gostei desses filmes por pensar que “um dia” tudo aquilo podia ser realidade.

A primeira vez que cheguei no sacolão perto de casa e vi várias pessoas usando máscaras, me deu um aperto no peito.

Esse sentimento piora quando vou na padaria ou olho da janela de casa e vejo os “mascarados” no ponto de ônibus ou atravessando a rua com sacolinhas de compras na mão. Também não gosto de entrar nas redes sociais e ver selfies com as máscaras brancas ou “coloridinhas”, combinando com algum acessório.

Por obrigação do trabalho, leio diariamente notícias sobre a pandemia, mas tenho evitado qualquer outra leitura sobre o assunto, mesmos de textos mais leves. É um sentimento de negação? Pode ter sido no início, mas agora classifico mais como autoproteção.

Analisando as cinco etapas do luto descritas pela psiquiatra suíço-americana Kübler-Ross, que se especializou em cuidados paliativos e em situações próximas da morte, acho que estou na fase da barganha. Ela descreveu essas fases: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Estas seriam as etapas necessárias para “administrar o luto”.

Neste momento, quero apenas o necessário sobre a pandemia e seus efeitos.

O choque de realidade que chega com as notícias diárias tem sido suficiente, mas sei que o “novo normal” vai reescrever tudo o que estou pensando agora.


*@julianaribeiro_blog é uma das fundadoras do Vida de Adulto. Escreve às quartas-feiras, duas vezes por mês.

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