Natação em tempos de pandemia

*Juliana Ribeiro

Lá se vão meses de pandemia e não me acostumei com o uso da máscara. Acho ainda mais estranho quando tenho que ir para a aula de natação usando o acessório. Calma, não entro na piscina com a máscara, mas o uso é obrigatório até o momento em que chego na borda.

Na água, me sinto protegida.

Os médicos dizem que a natação é, atualmente, um dos esportes mais tranquilos de se praticar porque o cloro mata o vírus da Covid-19. Também não me preocupo com aglomerações porque poucas pessoas têm se animado a acordar cedo para enfrentar as manhãs geladas de São Paulo, comuns nessa época do ano.

No final da aula, nem dá para tempo de me enxugar porque tenho que colocar a máscara logo que saio da água. Em seguida, besunto as mãos com o álcool em gel colocado em um local estratégico porque, afinal, saí da piscina encostando as mãos na borda.

Vou caminhando rapidamente para o vestiário e tenho que trocar a máscara molhada por uma seca. Na hora de tirar a touca, os óculos e o maiô, tento não encostar no armário de aço e nem deixar a roupa seca ter contato com o banco de madeira.

Naquele horário, antes o vestiário era cheio de mulheres conversando alto, mas agora reina o silêncio quase absoluto. Poucas pessoas entram e, quando isso acontece, olhares assustados se cruzam por cima das máscaras e um bom dia abafado é dito dos dois lados.

Antes de sair, mais álcool gel nas mãos, dou uma olhada para o lado, vejo se tem alguém para desejar bom dia, mas geralmente saio calada. Me sinto triste por ver aquele lugar tão vazio. Quando deixo o prédio, penso: “Ufa, mais um dia sem sedentarismo. Espero que eu não tenha encostado em um algo contaminado.”

Vou embora, mas com uma sensação de que tudo está fora da ordem.

Talvez seja a nova ordem mundial, mas que mundo é esse no qual a rotina vira ameaça? Tudo muito esquisito, mas o álcool em gel e a natação vão me ajudar a seguir adiante. Mens sana in corpore sano. Este é o meu desejo diário.


*@julianaribeiro_blog é uma das fundadoras do Vida de Adulto. Escreve às quartas-feiras, duas vezes por mês.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *