A estrada dos tijolos amarelos

Juliana Ribeiro no Blog Vida de Adulto
Foto: Pixabay

*Juliana Ribeiro

“Ainda quero viver outros 87 anos. Então, não vou deixar que outros decidam a minha vida.” A frase foi dita por um senhor de 87 anos que, durante entrevista na TV, disse que não abriria mão de votar nas próximas eleições. Autor de vários livros, ele deu a entrevista datilografando (isso mesmo!) seu próximo lançamento. Senti um sopro de otimismo porque adoro quem faz planos.

Confesso que tenho dificuldade em conviver com pessoas do estilo cantado na música do Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar. Vida leva eu…”.

Acho que até mesmo nos momentos de descanso, é preciso fazer planos, mesmo que sejam os de parar por um tempo para repensar a vida.

O tempo não para, como diria Cazuza. É preciso não esquecer que há tempo para colheita, para prejuízos, tempo de vida e de morte. Nem sempre estamos preparados para o que chega. Se vamos seguir o mesmo caminho sempre, se vamos nos desviar vez ou outra, se vamos continuar na estrada com a mesma companhia, o mesmo emprego, o mesmo cabelo, não dá para saber. Uma coisa, porém, é fundamental: preciso saber para onde quero ir.

É como Alice, no livro “Alice no país das maravilhas”, que, em busca da estrada de tijolos amarelos, pergunta ao gato sorridente:

— Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para sair daqui?
E o gato responde:
— Isso depende bastante de onde você quer chegar.
Alice diz:
— O lugar não importa muito…
O gato conclui:
— Então não importa o caminho que você vai tomar.

Em tempos de pandemia, quando tudo parece ter virado do avesso e as verdades consistentes já não parecem tão resistentes, até posso mudar a estrada, mas vou devagar, olho para os lados, paro, penso, continuo. Não caminho sem rumo.


**@julianagribeiro.jornalista é uma das fundadoras do blog Vida de Adulto. Veja quem é Juliana G. Ribeiro.

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