Além das persianas entreabertas; uma fresta de plenitude

Foto ilustrativa do texto Além das persianas entreabertas; uma fresta de plenitude
Foto: Arquivo pessoal

*Rafael Van der Weyden

“Eu odeio a neblina,
estou cansado dessa luz cinza.
Queria encontrar uma luz nova.
Para quadros antes nunca vistos.
Pinturas reluzentes,
pintadas a luz do sol.”

(Disse VanGogh para Gauguim antes do amigo o aconselhar a partir de Paris para o sul da França)

Assim como o pintor, também estou cansado da neblina que cobre estes dias. Apesar de termos o sol como cartão postal e usarmos filtros para “clarear” nossa perspectiva e alterar nosso semblante, não temos a certeza de quando esta névoa se esvairá para que o brilho autêntico de nosso sorriso retorne com sua espontaneidade.

E mesmo que eu pudesse ir buscar uma nova luz num lugar distante.
Para também “pintar quadros novos”
emoldurando novos horizontes, não adiantaria muito…

Porque não há no mundo hoje um lugar que esteja radiando em plenitude sua alegria.

Afirmar isso seria insensato.
Pois nem tudo é liberdade para muitos (sabemos que nunca foi),
mas agora a limitação engloba a maioria e está mais perto de nós.
E pra felicidade, é preciso a partilha.

Acredito que quando tudo isso passar, terei entendido a necessidade do artista em contemplar melhor as nuances amareladas que colorem nossas vidas.

Seja na alvorada, ao calçar minhas
“Botas cansadas”.
Seja ao meio dia, a observar
“Uma cadeira vazia”.
Ou quem sabe já no crepúsculo,
contemplando um “Girassol murcho” .

“Quando vejo uma paisagem plana,
não vejo nada alem da eternidade.
Sou o único que vê isso?
Não há existência sem razão”.

(Vicent Van Gogh, Arles – Sul da França. Pouco antes de ir colorir no céu)


*Sou @vwtrainer, um personal trainer que busca na literatura saciar uma curiosa incomplenitue e elucidar a dicotomia “mens sana in corpore sano”.

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