O eu de cada um

Imagem ilustrativa para o texto O eu de cada um, de Danielle Guimarães
Foto: Depositphotos

*Danielle Guimarães

Outro dia parei pra observar as pessoas, o universo próprio que existe por dentro de ser alguém. O mundo gigante e particular de cada pessoa. Qual a dor que carrega aquela ali, esperando no ponto de ônibus, o transporte que a levará ao trabalho? Será importante na vida de outro? Será que está feliz com o que faz, ou se lamenta a cada despertar do sol?

Será solteira, casada, divorciada, tem filhos, não tem, tem pai e mãe? Talvez esteja a caminho de um hospital, pra levar conforto ou alimento a alguém? Tem medo, culpa, angústia ou deixa a vida levar, na leveza de ser um eterno aprendiz?

E o jovem ao seu lado, cabelo louro bagunçado, camiseta Jhon sem passar, jeans rasgado, bom assim, usa o mais velho e pensa que é novo. Vai pra escola encontrar um amor ou um amigo, está chegando ou saindo? Corre pra não tomar chuva. Será que a mãe está com alguma doença e ele precisa cuidar dos outros irmãos? Que mar de possibilidades existe no mais íntimo do ser, seja ele quem for.

O homem ao telefone, que passa na rua, dirigindo e falando, nem percebeu que passou muito próximo de um buraco que poderia estragar a roda do carro e talvez até causar um acidente, mas seguiu, apressado. Um risco na verdade, que apareceu e sumiu.

A menina na bicicleta rosa de rodinhas, com coroa de flor no cabelo, blusa Mickey e short curtinho revela a alegria de quem ainda não está de compromisso agendado e pedala livremente sorrindo por onde olha.

Existe um “eu” obscuro e secreto, que fala em particular: “Estou aqui, não me esqueça, faça algo, viva ou sobreviva”.

Está em cada um, no seu mundo interior, que se revela de tempos em tempos, como válvulas que escapam na pressão, e é o seu eu que decide deixar o fogo ligado e explodir, ou apagar para aliviar devagar.

Saio dessa janela imaginária, tem uma chama ali que chama, e clama por minha presença. Quantos milhões de mundos particulares que pisam nesta terra e deitam e levantam e trabalham, estudam, brincam, viajam, nascem… morrem… Quantas histórias podemos contar, quando se pergunta:

Oi, bom dia, como vai sua vida?


*@daniellegguima é uma ariana arretada e baixinha briguenta (minhas águas estão se acalmando, tenho fé!). Corretora de imóveis, trabalha na mesma empresa há vinte anos. Brotou nela agora a vontade de transformar em palavras aqueles sentimentos que ficam guardados

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