Quando o mundo parou
Hoje faz 63 dias que a Bia parou de frequentar a escola, as casas das avós, parques, restaurantes, tudo. Foi assim com todo mundo, do dia para noite, sem aviso prévio, sem planejamento, sem plano B de como faríamos este momento dar certo. Mas como a vida não permite rascunho, a gente tem vivido, conseguido e sobrevivido.
Está sendo fácil? Com certeza não.
Como eu li em um texto da @tatibernardi, “é claro que isso vai passar, eu tenho uma filha. Isso tem que passar”. Só que em meio ao caos do distanciamento social, confinados em um apartamento com uma criança de quase três anos, e dois jornalistas trabalhando em tempo real, eu escolhi memorizar o que importa.
Filha, quando tudo isso passar, eu só vou lembrar de como você deu um salto neste período. Como começamos com você “bebezuco” e agora parece, em um piscar de olhos, completou cinco anos. Quando eu fechar os olhos, vou lembrar de você correndo “fugindo” do Olaf com seu pai. De como vocês se aproximaram neste período. De fazermos bolo juntas e da malhação no seu tapetinho.
Vou lembrar do pula-pula, do escorregador e do cavalinho que aluguei para tornar seus dias um pouco mais felizes.
E do seu sorriso quando viu eles na varanda. Vou lembrar dos passeios de carrinho pelo apartamento para fazer você dormir, que depois tiveram que ser no canguru. Das sonecas diurnas, usando óculos de sol. Vou lembrar que, no meio do trabalho, tive que parar incontáveis vezes para consultar as nenéns, dar comidinha ou levá-las para passear.
Também tivemos os desfiles e as festas ao som de Frozen, sua princesa favorita. Está sendo um intensivão de tempo de qualidade. Forçado. Mas não menos proveitoso. Se a vida fez com que a gente tivesse que parar, graças a Deus foi ao seu lado, Bia.
Porque, por mais que os dias sejam mais cansativos, eles são, com certeza, mais felizes, menos monótonos e muito mais esperançosos. Obrigada pelos sorrisos diários. São eles que me fazem seguir sempre em frente.
*@lucienecruz é mulher, mãe, jornalista, esposa, apaixonada pela vida, por viagens, chocolate e pôr do sol, não necessariamente nessa ordem.