À nossa Estrella
*Débora Álvares
Há um ano perdi um dos meus melhores e, com certeza, maiores amigos dessa vida (seu sobrenome era Estrella). Aqueles que, com olhares, você consegue saber pensamentos e até ironias e aquelas palavras que não podem ser ditas em determinado momento. Esse. Desse tipo.
Nesse momento em que quase 60 mil pessoas já perderam a vida no País com essa doença doida por aí, penso que minha dor é pequena em comparação a tudo o que vivemos. Que loucura isso. É sim.
Mas o que aprendi é grande. Enorme.
Rápido. Muito rápido. Você foi rápido demais. E isso me ensinou tanto… Você sempre me ensinou, amigo. Cada palavra cheia daquela gentileza e educação de que só você era capaz. Naquele jeito manso e aquele olhar de cumplicidade dizendo “te entendo” e ao mesmo tempo “calma!”. Com você ao lado, cada sorriso e gesto era uma lição.
Depois que você se foi, parece que cada dia passa mais rápido. Ou é a sensação, nova talvez, de que a vida é tão breve e pode se esvair quando a gente menos espera?
Te perder tão cedo e tão repentinamente dói todos os dias quando leio, escrevo e penso no que você provavelmente comentaria sobre um assunto. Você teria algo a dizer sobre tudo isso que passamos agora. Seria, com certeza, uma coisa acalentadora. Esse era você!
Mesmo sem você, amigo, ainda aprendo diariamente. A levantar pra dar o melhor de mim por dia. A fazer de todos os minutos bons. Se for pra sentir tristeza, deixar que ela chegue profunda, porque, de que adianta fingir não sentir? E que passe. E, quando feliz, ser, só ser.
Você ter partido tão logo me empurra todos os dias a buscar aqueles que amo, mesmo que não tenha resposta.
Não sabemos quanto mais nos resta, nem o quanto ainda poderemos desfrutar deles nesta vida. Essa, uma daquelas lições que a gente já deveria nascer sabendo, veio pra mim quase na véspera de quando mais se precisa pra sobreviver ao caos. Você nunca cansa de deixar lições.
Enquanto milhares correm aos leitos lotados de hospitais em busca de atendimento e outros tantos choram seus mortos nesse momento de luto mundial, falar de dor é redundância. Ao mesmo tempo, parece que nunca fez tanto sentido. Cada um com a sua. Maior, menor, comparável ou não? Quem vai saber.
A minha e de várias outras pessoas que te amam é você e a enorme falta que você faz entre todos nós! Fique em paz! Nosso amor pra sempre!
*@deboralvares é jornalista apaixonada por histórias. Em busca de vida em cada cantinho. Sem nenhuma vergonha de clichês como “mude sua energia e atraia coisas boas” – ou semelhantes. Certa de que o amor e a caridade são a solução para o mundo. Aquele ser humano, como todos os outros, batalhando diariamente pela felicidade!