Aquela saudade

Flávia Rocha no Blog Vida de Adulto
Foto: Arquivo pessoal

*Flávia Rocha

Saí da faculdade em dezembro de 2007 e, de lá para cá, o sentimento que tenho é que pisquei e se passaram 13 anos. Formei, entrei para o mercado de trabalho, me casei e mudei. Voltei, trabalhei, conheci pessoas, fiz amigos. Já são 13 anos de profissão e 8 de casada. Mas também são 13 anos que não tenho mais a companhia da minha Vó Diná.

Desde os dois anos de idade, eu passava as tardes na casa da minha avó. Uma brincadeira que eu gostava era “ajudar” a costurar os tapetes que ela fazia com retalhos em sua máquina Singer. Me divertia muito quando inventava de ser estilista. Não se engane, achando que eu fazia isso na mão, com agulha e linha. Eu tinha uma máquina de costura – de brinquedo, claro – que levava para a casa da minha avó.

O tempo foi passando, as obrigações aumentando e eu já não ia para a casa dela na mesma frequência. Depois que me mudei para Goiânia para fazer faculdade, a frequência diminuiu ainda mais. Mas sempre ia visitá-la. E, na maioria das vezes, fazia um pudim de leite que ela adorava. Acredito que era uma das suas sobremesas favoritas.

Minha avó fazia aniversário no dia 1º de setembro. Eu jamais imaginaria que a comemoração de 2007 seria a última.

Uma semana após seu aniversário, ela não se sentiu bem e precisou ser hospitalizada. Foram quase 30 dias de agonia. Infelizmente, ela entrou em coma e as visitas na UTI eram frias, porém esperançosas. Me lembro da última. Eu li para ela, e as lágrimas escorreram em seu rosto. Em meu coração eu acredito que aquela foi a nossa despedida.

No dia 8 de outubro de 2007 tive a pior notícia da minha vida. A Dona Diná não estava mais entre nós. Naquele dia, pude visualizar que ela não estaria em nenhuma das minhas conquistas. Tenho muita saudade dela. Tenho certeza que ela aprovaria a mulher que eu me tornei. Escrevo este texto com um nó na garganta e lágrimas nos olhos. Mas é de pura saudade.


Flávia Rocha é jornalista e trabalha com assessoria de comunicação. Acha que escrever é maravilhoso. Qualquer um pode tentar. Ela se atreve, às vezes, a escrever coisas da sua rotina, além das matérias do cotidiano jornalístico. O ponto de equilíbrio diário é o marido, Danilo de Faria.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *