Plenitude: contemplação e gratidão

*Bibiana Danna

Plenitude é um estado. Um acontecimento passageiro. Às vezes, pode durar menos que um piscar de olhos, mas é eterno enquanto dura. A alma fica totalmente arrebatada. Trata-se do encontro entre o seu ser material e o espiritual, coexistindo em harmonia.

É o encaixe perfeito, como duas mãos se entrelaçando. Perde-se a noção do tempo. Os pensamentos se acalmam e o sentimento é de total comunhão com todos os seres e coisas que nos rodeiam.

O momento é único, pessoal e revigorante. A impressão é que tudo parou naquele exato instante para te acolher com muito amor. Experimentamos um sentimento de adequação e de que tudo é como tem que ser.

Sonhamos acordados com a vantagem de vivenciarmos, conscientemente, essa visita breve com a nossa essência. Não há julgamento, medo ou qualquer outro sentimento desagregador.

Só existe lugar para o amor.

Dessa viagem não queremos retornar. Entretanto, como todo passeio, é chegado o momento de voltar para casa. Retomar o dia a dia, a rotina, os afazeres que fazem parte da nossa vida. Infelizmente, nessa viagem não se pode planejar os detalhes e tampouco contratá-la previamente. Ela é um resultado do que se passa no seu íntimo, no seu coração.

A alma deve estar em estado de contemplação.

Pode ser de qualquer beleza encontrada facilmente na natureza: o sol, o mar, as árvores, os pássaros ou, então, por intermédio do sorriso de uma criança, do olhar sábio e cansado de um idoso. Ou seja: coisas, pessoas e situações corriqueiras da nossa vida. O segredo é esse: a simplicidade e o olhar amoroso para tudo que nos cerca e envolve.

É a gratidão. Sermos gratos por todas as situações da vida que passamos. E mais: agradecermos, diariamente, pelo que nos cerca. Tudo o que passamos é para o nosso bem e crescimento pessoal e espiritual. Ser pleno é ser simples. É ser o que se é. É se entregar de corpo e alma ao momento presente, sem qualquer contestação.


*@bibianadanna é escritora e terapeuta da escrita. A escrita sempre foi sua minha companheira. Ela cura, transforma e liberta. É sua minha casa, seu lar e seu propósito. Escrever, para ela, é viver.

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