Em quantas doses de erros o sentimento se embriaga de desamor?
Maldita seja tua mentira desnudada. Mais uma vez as tuas farsas fazem um leito perfeito de vil, assim, me observam e me fazem cair para dentro do nosso já sombrio romance. Respiro, engulo o choro e me permito ir ao vale de momentos imagéticos do nosso fracassado final feliz.
Maldita seja tua mentira desnudada. Quando em mim teu toque percorre tenho ativadas as lembranças da tua ação dissimulada. Não imaginava que teus olhos cor de marte sucumbiriam para outro tripulante com a desculpa de também serem de ressaca.
Maldita seja tua mentira desnudada. Te escuto com queixas descabidas e egoístas.
Me afasto para buscar entender tuas falhas justamente por ter em ti bem-querer. Mas talvez os gregos tenham acertado em pensar o amor como uma ludibriação apenas com fito de perpetuar, nesse caso: desamor.
Maldita seja tua mentira desnudada. O que faço com todos poemas devotos a ti? Não consigo me posicionar, mas em um momento infesto pego aquele ponto de n° 40 e com dois atos dou o desfecho asco para seu poeticídio impensado com minha pessoa. E agora traço versos reversos de nossas vidas cruzadas.
Maldita seja tua mentira desnudada. Pego o telefone e busco a música mais triste do ano para se encaixar ao término do amor mais promissor que esse mundo poderia ter visto, se não fosse pela intenção do destino em torná-lo macabro.
Maldita seja tua mentira desnudada. O romance se transfigurou em mais uma tragédia para os aplausos da corte de fel. E quando me perguntam do que é feito o amor, respondo imediatamente: de doses, sejam elas do whisky mais barato do boteco da esquina ou de solidão.
*@marinho_path é natural de Rondonópolis/MT, com o coração dividido entre Minas, Ceará e Tocantins. Amante das letras em suas máximas, por isso vive em meio aos versos e à aspiração à docência.