Para Beatriz, aos quatorze dias de dezembro

Flávia Côrtes Silva escreve texto em homenagem ao aniversário de sua afilhada
Foto: Arquivo pessoal

*Flávia Côrtes Silva

Era uma manhã de maio e, na sala de parto, o silêncio deu lugar à alegria. Os médicos anunciavam a sua estreia e davam-lhe as boas-vindas dizendo “Aí vem a Beatriz…”. Segundos depois, pude ver seu rostinho e o choro forte só cessou quando lhe puseram junto a sua mãe, que cantarolou sua música favorita. Não era bem uma canção, mas o som que ela costumava fazer quando ainda lhe carregava no ventre. Reconhecendo-o, você prontamente se acalmou.

Foi uma cena incrível e, talvez por isso, prescinda de registros para revivê-la.

Hoje as lembranças daquele dia continuam intactas: das minhas mãos trêmulas até você enrolada na manta rosa e branca de estrelinhas recebendo as primeiras visitas. Inesquecível também quando sua mãe me escolheu para sua DINDA e você assim me chamou pela primeira vez: no sofá da sala e no chão do quarto, ela presenciou minha bobice e sorriu.

Foram inúmeras as primeiras vezes e impossível guardar todas as datas, até porque cada encontro continua a ser exclusivo. Sinto amor no seu sorriso, no colorido das pinturas, nas brincadeiras, nos comentários sinceros, nas perguntas difíceis de responder e, sobretudo, quando ouço “fica mais um pouquinho”.

Seu aniversário passou, mas, não por acaso, resolvi dar-lhe hoje essas palavras (só mais tarde você vai entender). Assim como no dia do seu nascimento em maio, também aos quatorze dias de dezembro de 2008 brilhava forte o sol e, aos olhos de Deus, você se tornou minha AFILHADA!


*@flacortess é uma poeta baiana do signo de áries e intensa por natureza. Servidora pública como Drummond, faz versos até sobre a rotina de trabalho. Herdou das mulheres fortes de sua família uma grande Fé na Vida e, após longo período de aridez, retomou a escrita e redescobriu o poder de sua voz. Integra a Cia Subversiva de Dizedores de Versos (desde 2007), o Coletivo Nua Palavra (desde 2020) e é co-autora do projeto “Domingo pede Poesia”. Mais recentemente, lançou sua primeira música autoral e teve um de seus contos selecionado para a Antologia “Elas Podem”, em fase de produção por Francy Lima (@achadosclube)

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