Voando como borboleta

Erika Lettry escreve o texto Voando como borboleta
Foto: Arquivo pessoal

*Erika Lettry

Quando decidi começar o ballet, não sabia que a prática para adultos era algo que as escolas de dança só haviam incorporado recentemente. E, ainda assim, há duas formas de tratar essa iniciação “tardia”.

Algumas escolas acreditam que os alunos adultos não devem jogar todas as suas energias nisso, porque a limitação física não vai levá-los para muito longe. O foco é ter uma atividade física que seja prazerosa e faça bem ao corpo. Outras escolas acreditam que é possível que os alunos mais velhos, mesmo compreendendo todas as suas limitações, possam realmente se dedicar e dançar.

Eu quero dançar, de verdade.

Estou praticando desde dezembro, mas progredindo lentamente pela dificuldade de estabelecer uma rotina em casa. Os exercícios não têm um padrão fixo e, para quem já se acostumou com o método da ashtanga yoga, isso acaba sendo um limitador. 

Apesar disso, acredito que uma hora vou encontrar o caminho. Eu já tinha esse estímulo interno, mas por acaso minha professora de ballet me indicou uma série coreana lindíssima chamada “Navillera”. Conta a história de um senhor de 70 anos que decide recuperar o seu sonho de infância e começar a dançar ballet.

Apesar da resistência da família, do corpo fraco, das dúvidas sobre a própria capacidade, ele persiste. Acho que chorei em todos os capítulos, pensando em como a gente se limita com medo dos comentários de outras pessoas, com medo de não dar conta, de não ter mais idade. Foi preciso percorrer um longo caminho até começar a me abrir para as coisas que eu realmente queria, ignorar o julgamento alheio e, principalmente, minhas próprias chibatadas internas. Hoje isso me parece um caminho sem volta.

É isso. O texto, como quase tudo que escrevo, não tem uma belíssima conclusão. Mas fica a dica para assistirem a essa série linda, que tocou o meu coraçãozinho sensível.


*@elettry é jornalista ainda perdida no mundo da política. Curiosa como toda geminiana, hoje se aventura a conhecer o ballet e a yoga. Ama a cachorra Stella, livros, viagens e plantas.

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