Sorriso frouxo
Nasci num sexta-feira, era 1h15 da madrugada, lua cheia, talvez por isso eu seja tão apaixonada por ela e suas fases. A criança que não chorou quando nasceu e até hoje carrega o fardo de ter dificuldade pra chorar, carrega consigo o fardo de sempre estar sorrindo, maluquice talvez, porque rir de tudo é desespero.
A liberdade me consome, a facilidade de desapegar das coisas ou pessoas faz com que achem que não amo de verdade, mas desapego não é desamor, e sim muito amor por si próprio. A intensidade me acompanha em todos os momentos. Ser inteira custa caro, não querem te ver livre demais, logo ela que ama voar com os seus pensamentos, que a leva a lugares imagináveis.
Eu me conheço tão bem, se desconfio de algo ou alguém, é certeza.
É que ela tem um toque mineiro em sua alma, carrega consigo aquele cheirinho de mato e de maresia também, o que da à sua alma atrapalhada um leve frescor. É que ela gosta de olhar a imensidão do mar, pois lhe acalma.
Sigo assim, me olhando e me amando, cada pedacinho dessa mulher que me tornei, de 1,56, com seus 33 anos que parecem 18. É que em mim ainda mora uma eterna adolescente, que habita num corpo de mulher cheia de cicatrizes, que aprendeu a amar seu corpo que já foi tão maltratado por ela e por terceiros. O corpo que antes tinha medo de se mostrar, hoje adora se exibir. A mulher de 33 anos aprendeu com o tempo que o mais belo amor, puro e verdadeiro é o próprio.
Falta-me esperança e sobra-me fé. Às vezes, dá vontade de correr e em outras, de ficar. Desisti de abraçar o mundo, o fardo é pesado demais, quero abraçar apenas o meu eu, antes que ele enlouqueça de vez e, por fim, só quero continuar sorrindo, e fazendo piadas com os meus desastres, porque isso me salva.
*Meu nome é @adria.cabral, sou carioca com a alma mineira, nasci no Rio de Janeiro mas fui criada em Minas Gerais, Atualmente moro no Rio, tenho 33 anos, cursando técnico em enfermagem, fotógrafa. A escrita sempre me salvou.