Nunca estamos preparados para dizer adeus

*Daniel Lima Costa

Sabemos desde pequenos que “a morte faz parte da vida”, mas jamais nos preparamos para uma despedida. Claro, somos humanos. Faz parte de nossa essência sentimentos dos mais diversos, sejam eles belos, sejam eles desprezíveis. Mas não estou aqui para falar do lado horrendo de nosso ser.

Pelo contrário, falo das mais belas emoções que podemos compartilhar, pois apesar de tudo, somos apenas humanos, certo? É óbvio que o amor é um sentimento ambíguo. Da mesma forma que ele acalma o coração, também enche de espinhos e dor.

Ah, e a saudade? O que dizer dela? Criatura cruel, sádica e que enfeitiça, mostrando a beleza do que se viveu ao lado daqueles que amamos e que se foram. Ela é insensível, pois castiga com lembranças. Mas também é doce. Nos traz recordações de uma vida cheia de amor, carinho e ensinamentos. É, isso é ser humano, claro.

Este ano, vivi o dia mais difícil de minha existência. Nesse momento, a vida me mostrou o quanto ela pode ser dura e imperdoável. Mas também despertou em mim recordações que reconfortaram minha alma. Ah, que difícil sensação de ser… humano.

Minha mãe foi a mais doce pessoa que tive o prazer de conviver. Aprendi a ser duro quando necessário, aprendi a ser respeitoso com as diferenças, aprendi a me calar até que a estupidez precisasse de respostas, aprendi que o ser é mais do que o ter. Deus, Isso é ser humano?

Depois de tanta luta, tanta dor, ela se foi. Que o descanso lhe acolha, que ele, enfim, traga a paz que ela tanto lutou. São nesses momentos que percebemos o quanto somos… humanos.

Essa será uma dor eterna, cheia de cicatrizes que irão pulsar ao longo da minha e das vidas dos meus irmãos. É uma dor que compartilhamos, uma dor que irá latejar em cada um de nós, que nos levará ao passado. Uma dor só nossa. Essas recordações trarão um alento, um carinho, uma nostalgia deliciosa… Uma tristeza.

Mas ela estará lá, nossa mãe, que foi, é e sempre será o nosso norte. A única lição que tiro dessa dor que dilacera e castiga é a de que no fundo, no fundo, as nossas lembranças nos tornam simples e ao mesmo tempo complexos e frágeis seres.


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