Novo ano, nem tão 20 nem tanto 20
Olho o número no novo calendário à minha frente e a dupla de vintes me convida ao equilíbrio.
Um ano nem tanto lá nem tanto cá
Um ano que não me deixe
Nem tão positiva que me impeça de ver a realidade nem tão negativa que igualmente me cegue
Nem tão fria que me congele nem tão quente que me queime
Nem tão presente que sufoque nem tão ausente que machuque.
Para 2020, me convido a não ficar
Nem tão faminta nem tão saciada
Nem tão eufórica nem tão desanimada
Nem tão avoada nem tão aterrada
Nem tão atleta nem tão sedentária
Nem tão à esquerda nem tão virada à direita
Que eu encontre, no meio do caminho, o caminho do meio.
Porque quando eu empolgo, eu me entrego, intensamente.
Não que seja ruim ser intensa
Mas fica fora do caminho quando a intensidade só vai me trocando de lado, de polaridade.
Do extremo prazer que tenta ignorar a existência da dor à dor extrema que esquece da existência da vida.
Nem um nem outro
Para 2020, que eu experimente equilibrar
O doar e o receber
O esvaziar e o preencher
O falar e o escutar
O trabalho e o descanso
O escrever e o ir pro mundo
O encontro comigo e o encontro com o outro
O pensar e o agir, passando pelo coração
Nem tão Céu nem tanto Terra
Nem tão animal nem tanto animal
Mais humano
Entrei no novo ano em prece por mais equilíbrio.