Depois do distanciamento

Foto: Arquivo pessoal

*Jaqueline Fonseca

Quando tudo isso passar, vou para junto da natureza. Da minha natureza. Vou voltar pros braços dos meus e ver o dia morrer na margem de lá do rio Madeira, em Rondônia.

Vou lá.

E vou observar as folhas das árvores – que estarão bem verdinhas porque vai ser época de chuva – paradas no ar, sem vento.

Vou ver o rio – que provavelmente vai estar transbordando -, e especular o tamanho da cheia desse ano. Vou sentir o calor e o mormaço.

Suar em baixo da blusa.

Tomar açaí.

Bater o carro num buraco. E reclamar da administração da cidade.

Vou apertar bem forte aqueles que amo e a distância afastou, mas não definitivamente, de mim.

Durante o dia imagino esse momento. A noite sonho com isso. A essa esperança eu me apego: vencer tudo isso acompanhada dos meus. O contrário não pode existir.


*@jaquelinefonseca é jornalista. Paulista formada em Rondônia vivendo em Brasília. Apaixonada por cachoeira e natureza.

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