O poder do adeus

Foto: Pixabay

*Fabrícia Hamu

Em 2011, fiz um mapa astral e recebi uma previsão medonha: nos próximos sete anos, minha vida emocional passaria por uma verdadeira revolução. Gente que estava há muito tempo no meu caminho, ou que eu considerava extremamente importante e não me via sem, sairia de forma brusca e sem retorno. Uma foice iria separar o joio do trigo.

Assustada, deixei o mapa guardado na gaveta. De tempos em tempos, quando a foice passava e a previsão se concretizava, eu criava coragem e lia. Me lembrava da astróloga pedindo para não ter medo, porque eu estava vivendo um processo profundo de desintoxicação emocional, onde tudo o que não me ajudava a evoluir seria eliminado.

De 2011 a 2018 vi amizades antigas, relacionamentos amorosos que pareciam eternos e parcerias profissionais importantes se desfazerem.

Assim como previsto no mapa, as máscaras foram caindo, as pessoas se revelando e eu sendo obrigada a fazer a limpeza que precisava ser feita. Retirei uma a uma delas, com a certeza de que nunca mais voltariam.

Como todo processo de desintoxicação, doeu demais. O mal-estar que nosso organismo sente ao expulsar as toxinas que o envenenam foi sentido intensamente na minha alma. Adoeci de tristeza, revolta, angústia, mágoa, descrença. Até que, finalmente, entendi a razão desse processo, que é o poder do adeus.

A gente se acostuma a tudo, principalmente ao que é ruim. Nos agarramos a pessoas e situações acreditando que não sobrevivemos sem elas, quando, na verdade, elas é que nos impedem de viver de forma saudável e feliz. Dizer adeus dói, largar nossas muletas emocionais atemoriza, mas é altamente terapêutico e libertador.

Quando você abandona o que é tóxico, por um tempo se sente vazia.

É que todos os venenos viciam e, dependendo da dose, podem desencadear uma crise de abstinência demorada. Mas sempre passa. Com a alma purificada, podemos começar um ano novo de verdade. Que tenhamos coragem para abrir mão do que não merece mais continuar e persistência e fé para perseguir o que acreditamos merecer. Sem medo de dizer adeus, nem de falar “muito prazer”.


*Fabrícia Hamu é uma das fundadoras do Vida de Adulto. Escreve às segundas-feiras, duas vezes por mês.

3 thoughts on “O poder do adeus

  1. Fabricia querida,
    Feliz por poder acompanhar mais uma vez seu talento, sua sensibilidade me emociona!
    2011 foi um ano muito doído e difícil pra mim também, só que não me acostumei… Fica quieto mas não deixa de doer, a gente segue porque encontra pessoas que ajudam valer a pena, e vc fez parte importante nisso também!
    Parabéns pelo retorno, seguirei com prazer!!!

  2. Dizer adeus dói. Mas realmente às vezes é preciso. E que nos acostumamos com tudo que é ruim, é a mais pura verdade. E acreditamos não conseguir viver sem algumas pessoas. Quando elas se vão, sentimos um alívio, qdo pensávamos que sentiríamos falta. Te entendo perfeitamente, o medo de não nos refazermos é grande. Mas sempre saímos melhor que imaginávamos. Que Deus nos abençoe e nos de coragem Vamos dizer adeus a tudo e todos que nos fazem mal

  3. Fabrícia, é preciso muita coragem para tomar decisões como essa porque na verdade estamos fechando portas sem saber se outras abrirão! Dá medo!

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