somos
Nada mais sou do que a soma das partes deste lugar
Eu me sento pra contemplar, sem interferir
E me misturo tal qual um animal que se camufla
Sou a água que me lava e leva o que não sou
O ar que me sopra no ouvido me ditando o caminho,
o calor da vontade que me traz até aqui e
a pedra embrutecida sou eu
Eu sou a planta, mata do bicho
Sou bicho da mata
Sou ser do homem
Do homem humano
Sou livre
Carrego em mim a escolha e a natureza da natureza
Quando chove, deixo chorar junto
Quando se desmancha a nuvem carregada, só rio
Quando anoitece, nas estrelas me recolho
Quando amanhece, na Terra me aterro
Morro um pouco e vivo
Vivo um pouco e morro.
Faço e refaço a viagem no tempo
Nos limites da eternidade
Finitamente infinito.
Sou livre
somos nós
nós somos
Do início para o fim
Ou do fim para o início.