Não era pra ser
Isabela, você não me conhece. Eu era a ruiva sentada ao lado da sua mesa, na cafeteria, no sábado. Impossível não ouvir a bronca que sua amiga te deu. Depois de dizer de forma incisiva que a culpa do fim do seu relacionamento era das suas tatuagens, do seu jeito de falar e do seu ar de moleca, ela sentenciou que você só teria alguém se fosse mais doce e feminina.
Não é verdade. Seu namoro não acabou por causa da sua aparência nem do seu jeito de ser. Acabou porque não era pra ser. Tive uma amiga que foi pra uma micareta, bebeu até vomitar e o cara com quem ela estava cuidou dela e, meses depois, se casou com ela. Tive outra amiga que conheceu um cara na balada e foi super rude com ele. Falou que não aguentava homem galinha e dispensou o rapaz. Ele enfrentou o fora e, um ano depois, se casou com ela.
Não estou dizendo que você deve beber até cair nem ser grossa pra ter um relacionamento. São exemplos extremos justamente pra te dizer que não há regras. Pelo menos, não no amor. Homens não são objetos que podemos comandar por controle remoto, Isabela. São seres humanos, dotados de sentimentos e vontade própria, exatamente como nós.
Eu sei que dói lá no fundo da alma perceber que, apesar de termos dado nosso melhor e de amar tanto, ainda não foi suficiente para fazer o outro querer ficar. E aí a gente tentar racionalizar e busca essas regras tolas, que ensinam que se uma mulher for assim ou assado, o homem permanecerá na relação.
O que tocará o coração de alguém, Isabela, o que fará uma pessoa se apaixonar por nós, é um mistério absoluto. Não está no nosso controle. Se há uma regra a seguir, é ser você mesma com orgulho. Não é papo de autoajuda, é a verdade. Quando você olha pro espelho e gosta do que vê, você se torna mais leve, alegre, aberta, e isso faz as pessoas que se identificam com você quererem se aproximar e ficar.
Enxugue as lágrimas que você derrubou naquele dia. Tire a culpa dos ombros e siga sendo essa mulher única que você é. Quando uma história não nasceu pra dar certo, nada será o bastante. Já quando é pra ser, Isabela, apesar de tudo e todos, simplesmente é.