Mais um gin, por favor!

Foto: Arquivo pessoal

*Andrea Magalhães

Sempre que ouvia alguém falar desse tal empoderamento feminino o que me vinha ao pensamento era o momento solene de você ir sozinha a um bar, sentar ali no balcão e pedir seu drink preferido . Ok, eu sei que o conceito é muito mais abrangente que isso, mas para mim a maior concretização desse poder era estar ali e isso ser a coisa mais natural do universo.

Mas peraí… Eu, a doidinha, vista por tantos como uma mulher independente, forte, atrevida, que nos últimos tempos teve que se virar sozinha nos momentos de decisões dolorosas, que teve que aprender a ser o “homem” de si mesma, que na primeira vez que resolveu se aventurar a viajar sozinha, foi bater pernas na terra do tango, qual era a dificuldade de tomar um drink sem estar acompanhada? Conheço pessoas que mal conseguem ir a um cinema, de dia, sozinhas..

É que na realidade eu queria superar aquela situação incômoda dos olhares que, talvez, fizessem a leitura… Não conseguiu companhia para sair, veio à procura de uma paquera, uma mulher sozinha num bar! E se fosse tudo isso, qual o problema, oras bolas??

Nada é mais libertador, para qualquer pessoa, do que desfrutar da sua
própria e única companhia, seja homem ou mulher. Sendo assim, em um bela noite de sexta, me produzi e disse a mim mesma: “Hoje eu vou tomar um gin e ouvir minha banda de jazz favorita.. e sozinha!!”

No início é um pouco desconfortante, confesso. Mas quer saber? Foi um exercício interior de estar ali e me posicionar de forma segura e tranquila. Aos poucos, as pessoas vão puxando conversa, você interage ou não, repensa seus medos e conflitos, faz um agrado a si mesma e vê que isso não tem nada a ver com se empoderar, mas sim em fazer o que te dá prazer, de se permitir exercitar sua liberdade, de não se preocupar com os julgamentos alheios, de não depender de ninguém, estimular sua autoconfiança e engrandecer a autoestima.

Se alguém tentar ultrapassar o limite da “boa vizinhança” é o momento de você mostrar que estar sozinha numa mesa de bar não te faz estar disponível. Sabe por quê? Porque as minhas contas, sou eu quem pago. Na minha mesa senta quem eu quero.

Mais um gin, por favor!

Foto: Unsplash

*Andrea Magalhães é jornalista e formada em gastronomia. “Sou a doidinha dos cabelos ruivos, sedenta dessa vontade de viver a vida intensamente, e que tem como lema, também, tatuado na pele, Carpe Diem. Viva o dia de hoje!!” E que logicamente… ama um gin!

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