Meu plano M

Beco do Batman, na Vila Madalena, São Paulo, SP (Foto: Arquivo pessoal)

*Juliana Ribeiro

“Eu preciso de um plano B”, minha amiga pensou alto em um dia de trabalho estressante e chato. Depois virou para mim e perguntou qual era o meu plano se um dia não fosse mais trabalhar com comunicação. Pensei, pensei e concluí que eu não tinha, até aquele momento, planejado o que faria se precisasse investir em outra área.

A pesquisa informal continuou até que outra amiga respondeu: “Eu já estou no meu plano B”.

Foi um silêncio geral e depois gargalhamos pela resposta inusitada, mas foi um susto pensar que minha primeira opção profissional poderia ser a segunda ou terceira escolha de alguém. Não que aquele fosse um plano ruim, pelo contrário.

O estranho é perceber o quanto as pessoas e os momentos de vida são diferentes para cada um e o quanto o relacionamento ou emprego atual que hoje nos completa pode vir a ser um fardo no futuro. Difícil entender como o tempo nos transforma em outras pessoas, às vezes, com desejos, paixões e expectativas completamente diferentes de antes.

Minha amiga do Plano B comentou recentemente que talvez tenha que colocar em prática o Plano C. Acho que ela ainda não sabe qual seria essa terceira opção, mas se precisar mudar e começar de novo, tenho certeza que estará preparada porque é corajosa.

Infelizmente, o imaginário popular ainda vê o Plano B como algo negativo, sinal de fracasso, mas acho justamente o contrário.

É preciso muita coragem para sair da zona de conforto e recomeçar.

Todas as vezes que preciso começar algo, lembro dessa história. Agora, por exemplo, estou pensando em recomeçar meus estudos de francês, que larguei há uns 20 anos. Também quero me dedicar mais à leitura e ao estudo das cervejas artesanais. Se vou trabalhar com algo relacionado a um desses assuntos, não sei.

Sempre digo que isso pode ser meu plano B, mas depois paro para pensar em tudo que já fiz e vejo que, na verdade, tenho planos com várias letras do alfabeto. Talvez eu já esteja no plano M, mas sempre volto para o A, depois passo rapidamente pelo Plano J e volto para o Plano B.

Por que me preocupar em escolher apenas uma letra?


*@julianaribeiro_blog é uma das fundadoras do Vida de Adulto. Escreve às quartas-feiras, duas vezes por mês.

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