Seja leve. E releve

Foto: Arquivo pessoal

*Bruna Serra

Tivemos uma noite dificílima. Eu e Caetano estamos doentes. Eu e Murillo estamos cansados. Filho doente significa noite em claro. Tudo bem, amanhã a gente recomeça. Com um café quentinho. Um abraço apertadinho. Caê é cheio de novidades. Ele fala da escola, das brincadeiras, dos colegas. Nós tomamos um café juntos e ouvimos tudo com amor.

Foram dez meses de uma rotina diferente. Desde que pisamos na Inglaterra decidimos viver com menos pressa. Eu não consigo entender porque as nossas rotinas de repente nos atropelam. Dinheiro, contas, trabalho. Tudo isso continuou a fazer parte da nossa vida lá. Mas ressignificados.

Chegamos a Brasília decididos a manter uma rotina menos acelerada. A escola nova de Caetano colabora muito com isso. Mas voltei a trabalhar. E foi uma correria pegar ele na escola, deixar em casa. Voltar para o trabalho. Cheguei às 22h e Murillo tava com pouca luz. Conversamos um pouco. Falamos de contas, de política e do Recife. Essa cidade imã na nossa vida. Que nos puxa para o que amamos. Para as pessoas que amamos.

São quase 9h e a casa está em silêncio absoluto. Depois de passar parte da madrugada acordado com tosse, Caetano está dormindo. Murillo também. Estou aqui sentada tomando um café. Parece que uma gripe veio me avisar, quando quis acelerar, que o meu compromisso com a vida que tinha na Inglaterra é sério.

Papel passado e registrado no cartório do céu. Curto os últimos minutos desse silêncio e desse verde na minha janela. Antes do passarinho cantar mais uma vez, o meu pequeno “contrato de vida feliz e desacelerada” vai chegar falando o que o elefante dele sonhou essa noite. Que sorte. Estou conseguindo pensar sobre a minha vida, sobre a minha rotina. E curtir momentos simples. Tudo como o combinado. Ufa!

*Nasci em Olinda. Minha palavra preferida é transformação. Minha avó nasceu de um amor de circo e descobrir isso me libertou. Meu lugar é a praia e o meu som é a gargalhada de quem eu amo. No Recife me formei jornalista e desde 2005 ando por aí contando histórias. O jornalismo me dá a ilusão do transformar. Depois que dei a luz ao Caetano passei a ser transformação diária. Acredito no pequeno produtor, gosto de comida limpa e sou eco feminista.

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