A deficiência é só um detalhe

Foto: Arquivo pessoal

*Alexandre Fonseca

Sou Alexandre Fonseca. Tenho 37 anos. Tenho paralisia cerebral. Essa informação me forma e me inicia. Não tem jeito. Não tem cura. Não é castigo de Deus. Não é sentença de morte.

Agradeço sempre aos meus pais, que acreditaram, mesmo quando eu duvidei. Já tive alguns momentos de fraqueza.

Sou assistente social, quando trabalho, vejo que não posso reclamar de nada. Não tenho esse direito.

Sou escritor. Quando escrevo, sou o rei da festa. É a minha parte de observação ativa. Corpo ativo, organismo vivo e atuante. Quando pequeno, eu prometi a mim mesmo que eu jamais seria um peso social. Eu desejava o papel principal, o centro do palco.

Casei com a Helena há sete anos e desde então vivemos as nossas histórias conjuntas. Logo veio a Malu, nossa filha, cheia de personalidade e dona de si. Me apresentou e coloriu meu mundo de forma definitiva.

Como não ser grato, se a vida me encheu de oportunidades e encheu meu quintal de amigos queridos e abraços afetuosos?

Quando sou assistente social, escritor, filho, pai, marido e amigo, eu existo.
A deficiência é só um detalhe, concorda?

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