Relato de um recém-aposentado

Foto: Arquivo pessoal

*Luiz Fernando Oliveira Wosch

De repente, segunda-feira, a primeira como aposentado. Confesso que a sensação é, no mínimo, inquietante. O vínculo profissional simplesmente se rompeu num estalar de dedos, não existe mais. Perante à Administração Pública, a partir de agora, sou um servidor inativo (termo pesado).

A consulta ao e-mail institucional, ato rotineiro praticado por anos, já não é mais possível. A mensagem de “acesso negado” na tela do computador é sentida quase como um ato de traição. Só rindo mesmo.

A interpelação do vizinho já no primeiro dia de aposentado é encarada como um julgamento terrível:

Aposentou?
Tão novo. E vai fazer o que agora?

E no banco, ao atualizar o cadastro, a atendente pergunta:

Profissão?

Diante dessa situação inusitada, minha resposta sai quase como um sussurro:

Aposentado.

Passado esse choque inicial, a nova etapa de vida revela uma agenda totalmente aberta, sem reuniões enfadonhas a comparecer, nem tarefas a serem cumpridas em prazos estreitos. Aquele sentimento de quase inutilidade, pela ausência de compromissos profissionais, esvai-se. Sou dono do meu tempo. Estabeleço minhas prioridades.

As atividades prazerosas passam a compor a minha rotina: a leitura sem pressa de um livro, viagens no meio da semana para fugir de estradas congestionadas, visitas a parentes e amigos distantes, tarefas caseiras encaradas como um hobby, passeios com a neta.

Às vésperas de minha aposentadoria, meu ex-chefe, aposentado, disse-me:

Não perca tempo, isso é muito bom.

E este é um conselho que repasso a colegas que teimam em adiar a aposentadoria. A vida é curta!!!

*Luiz Wosch, servidor público aposentado. Viver próximo à natureza me nutre e me renova. Rodeado pela família, cumpro uma das melhores etapas da minha vida! 57 anos

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