Pegadas
Acho que todo mundo se lembra da história “Pegadas na Areia”… Nesses tempos de isolamento me peguei pensando nela. Engraçado como coisas adormecidas dentro de nós arranjam um jeito de voltar à memória. Então, num daqueles insights que algum ócio nos permite ter, resolvi olhar para trás e ver quais pegadas me acompanhavam nessa jornada.
E vi várias! Uma por vez. Com uma característica muito peculiar: o formato das pegadas era exatamente igual, somente o tamanho delas que mudava.
Primeiro, um pé bem pequeno, de criança… saltitava, desenhava, se divertia ao meu lado; parecia parar para rir, para depois correr e me alcançar novamente.
Lembrei de como eu era, de como era divertida aquela fase, brincar sem preocupações, sem medos, e certa de que, se algo acontecesse, eu seria prontamente acolhida.
Depois, um pé um pouco maior, com pisadas mais fortes mesclando-se com passos de dança.
Ah, a adolescência… cheia de certezas, coberta de razão, mas sem deixar de se encantar com a vida, de se divertir, de sonhar, de viver…
Por fim, aquelas pegadas mais próximas de como são meus passos hoje. Um pouco menos comedidos, com alguns pontos de grande leveza, e parecendo estar em uma busca de si. Aquele começo de carreira, aquele momento de amor apaixonado, aquele descobrir-se mulher!
Então continuo os meus passos…
e, agora, que tenho aquele tão almejado tempo para cuidar de mim, de tanto meditar, tento resgatar tudo o que fui, para preencher essas lacunas que, por correria ou desleixo, ficaram sem aquela diversão, ou encantamento, ou leveza. Tento resgatar o que eu fui há tanto tempo, porque tudo o que fui, ainda sou…
*@lauraguimafig, candanga, apaixonada por terras capixabas. Vivo em um porto seguro: meu marido e filhos. Sou advogada por formação, tenho paixão pelas palavras e alimento essa paixão no @sussurro_escrito