Exageros
Sentei num beco sem saída, estava chovendo, peito rasgado, sangrando, doendo. Em meio ao caos do mundo eu sentava ali e chorava só por uma morte – a do nosso um amor.
Quem me levaria a sério? Quem me daria um abraço sincero? Quem não acharia absurdo chorar de amor em meio à pandemia?
Sem palavras e com lágrimas nos olhos.
Oco, já não produzia eco. E isso doía como se fosse um corte aberto.
Bêbados e poetas me recolheram. Dividiram a bebida, a conta e a comida. Fizeram poema da minha dor, e, assim, nosso amor se eternizou.
No meio dessa agonia e paradoxal alegria, batizei-os: meus melhores amigos.
Há quem diga que é exagero, mas é que sou um sente (dor) de peito aberto, desprotegido e sadio.
Não preciso muito mais que um olhar verdadeiro, um abraço sincero na hora do aperto.
Uma mão na minha quando de angústia me sirvo vai comigo pra vida, de longe ou de perto.
Me entendem os despertos.
— cegueiras
*Simone Barreiros Rosa mora em Curitiba. Professora, redatora, escritora e geminiana. É apaixonada por histórias reais e amante das infinitas possibilidades do ser humano. Regida por gêmeos com lua em aquário; é ar. Não vive com os pés no chão. Calada é impossível, exceto quando não sabe o que dizer…aí escreve. Está escrevendo seu primeiro livro que será publicado em 2020. Expõe seus contos e poemas nas redes sociais (@contosecant0s), onde também se arrisca a usar a sua voz em narrações. Participante do projeto Quarta conexão, uma proposta do cactoearosa (xilogravura) e Banda MAB (música alternativa brasileria) com objetivo de junção das artes e conexão de pessoas.