Um ano ou uma eternidade?
Porque nunca se viveu tanto em tão pouco e tanto se morreu. Em maio, exatamente no dia 28, vai fazer um ano da contaminação na nossa casa. E, já agradecendo, quem não se contaminou foram o bebê e a mãe idosa de 85, no mais, todos ficamos acometidos.
Quando lembro de alguns dos sintomas fortes, como o da falta de ar, a sensação de afogamento e o corpo sem forças, ainda tenho muito medo. O hospital é um alento, e, ao mesmo tempo, uma determinação de solidão. O isolamento causa medo, aflição, dúvidas. E amanhã?
Conversava no whatsapp com uma amiga internada em outra ala, trocávamos fotos, informações sobre nossos dias. Gratidões? Mais de três, só no hospital agradeço a uma equipe de profissionais tão gentis, afetivos, empáticos e atentos ao nosso sofrimento.
Em casa? Vizinho que comprava remédio no seu cartão e deixava no pátio, amiga que mora tão longe e mandava estoque de sopinhas, amiga médica atendendo on line e passando as mil receitas para complementar a medicação necessária. A outra vó do bebê que ficou com ele mais de vinte dias para que nos cuidássemos. Amigos ofertando suas ajudas.
A Covid me deixou sequelas, dois meses de fisio cardio-respiratória e traçou um marco para que eu fosse mais atenta comigo.
Agora busco ser mais saudável. Exercito o corpo e a memória que também foi afetada. Hoje, minha mãe já tomou suas duas doses de vacina, e minha filha, por trabalhar na saúde, também. Eu ainda esperarei sem data definida.
Se eu for buscar as gratidões, são infindas. Estamos todos com saúde. Sou estatística positiva. Sei que sou melhor. Muito mais, nem sei se merecia tanto. Só agradecer.
*@rosylpmferreira é uma paraense meio amapaense que ama escrever, funcionária pública, administradora que ama poesia.