Parto.

Marcela Carrión escreve sobre o parto e recém-nascido
Foto: Arquivo pessoal

*Marcela Carrión

Eu pairo. Eu parto. Parte de mim parida. Parte de mim partida. Parida em mãe. Partida em dois, três, mil pedaços, em todas as partes que uma mãe precisa ser.

Quando uma mãe pari, parte dela fica no parto, enquanto outra parte para uma nova jornada.

Parir é fazer nascer. Parir é saber deixar partir.

No meu parto eu gritei inúmeras vezes que não queria morrer. Sim, em pleno momento da chegada de uma vida, eu me aterrorizava com medo da partida.

Parte de mim partiu naquele dia e uma outra parte, ainda mais forte, naquele mesmo dia nasceu.

E como a fragilidade de um recém-nascido, a minha nova parte recém-nascida assim também se sentia.

Foi preciso tempo para nos conhecermos e para ver que ela parte recém chegada não era tão frágil assim. Foi preciso tempo para ela crescer e se desenvolver.

Foi preciso colo, foi preciso choro e noites em claro (mesmo com o bebê dormindo) porque a parte recém-nascida de mim ainda não sabia dormir.

Foi preciso amor, foi preciso amar.

E assim, naquele instante, a vida ali recém-nascida também cuidou da mulher recém-parida.”


*Marcela Carrión, do @cronicas_para_acolher, é escritora de coração, compartilhando relatos do maternar e da vida. Para apoiar, acolher e abraçar.

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