Eu não ressignifiquei o amor

Não ressignifiquei o amor
Foto: Depositphotos

*Taciana Collet

Amor pra mim tinha um significado bem próprio
Só significava algo se o amor estivesse na condicional
Eu te amo se você for quem eu espero
Eu te amo se você quiser o meu querer.

Amor pra mim já significou paixão
Eu te amo e não me importo de sofrer
Eu te amo sem compaixão
Amor que perdeu o conceito quando o fogo o consumiu.

Amor pra mim era posse
Eu te amo e não respiro sem você
Eu sou sua
Se era amor, morreu sufocado.

Amor pra mim era exceção
No meu caso, vai ser diferente
Eu te amo tanto que vou conseguir mudar você
Desejei tanto o amor que criei uma ilusão.

O amor precisou perder completamente o sentido pra ganhar outro
que na verdade é o mesmo do início de tudo e de sempre
porque amor não tem palavra sinônima
Amor pra mim agora é só amor.

Eu te amo e ponto.
Descobri que o amor não cega,
é o que me abre os olhos para enxergar o eu do outro.

Eu não ressignifiquei o amor
Eu aprendi o que é amar.


Essa é a primeira versão do poema publicada na antologia “Ressiginificâncias”, mas nesta edição aqui (revista e ampliada) eu gostaria de fazer uma correção. No último verso, onde escrevo “Eu aprendi o que é amar”, leia-se “Eu descobri o que é amar”. Porque por mais que tenha aprendido o significado de amor, na prática, eu ainda desamo.

Mas por mais que eu ainda desame, vou seguir tentando, mal-te-amando, sem desistir de verdadeiramente bem-te-amar. Uma vez experimentado o amor na origem, isso faz valer a pena todas as tentativas malamadas de amar.

A antologia “Ressignificâncias” foi publicada pela EHS Edições e organizadada pela querida escritora Rozz Messias, a quem eu agradeço profundamente pelo convite e pela oportunidade de poder olhar para o amor e ressignificar ao lado de tantos escritores amigos que também participam do livro.

A narração do poema é da Sueli Ordonhes. Ao revisitar o escrito, veio a vontade de declAmar o amor em uma voz que não fosse a minha para marcar seu significado universal. Em um voz que é puro amor. Gratidão, Sueli!


*@tacianacollet é jornalista e uma das fundadoras do Vida de Adulto.

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