Minha corrente do bem

Juliana Ribeiro escreve sobre corrente do bem
Foto: Unsplash

*Juliana G. Ribeiro

Hoje me lembrei da minha primeira mudança para São Paulo, há mais de dez anos. Eu estava estabelecida profissionalmente – trabalhava no maior jornal da minha cidade e era funcionária publicada concursada -, mas queria mais: viajar, lugares diferentes, novos desafios. Como tenho pavor de me arrepender por coisas que não fiz, decidi me mudar.

Eu não tinha muito dinheiro e conhecia apenas duas pessoas em SP. Mesmo assim, mantive o plano de pular no buraco sem fundo (melhor analogia para esse momento). Mas não é que, quando você menos espera, aparece uma escada no buraco?

Um dia eu estava trabalhando no jornal e atendi uma ligação aleatoriamente. Era uma jornalista de São Paulo querendo divulgar um evento que aconteceria em Goiânia. Enquanto anotava a sugestão, a reconheci quando perguntei seu nome. Me identifiquei e lembramos que nos conhecíamos de um evento profissional em Paraty (RJ).

Comentei que estava de mudança para São Paulo e trocamos números de telefone fixo. Quando voltamos a conversar, eu disse que ainda buscava lugar para morar e ela, para minha surpresa, me convidou para ficar hospedada em sua casa!

Um tempo depois, cheguei com uma mala e sem blusa de frio em um dia nublado, com garoa e frio.

Fiquei um mês na casa da minha nova amiga. Quando me mudei, perguntei por que ela me chamou para ficar em sua casa se não éramos amigas e tínhamos nos visto apenas duas vezes.

Ela me respondeu que essa era a maneira dela repassar adiante o que sempre recebeu. Me explicou que saiu cedo de casa para fazer faculdade e acabou morando em vários estados. Em todos os lugares, sempre recebeu ajuda de muitas pessoas, que também tinham sido ajudadas por outros. “Eu acho que é uma corrente do bem. Sempre recebi ajuda e tento levar isso adiante”.

Nunca esqueci esse comentário e a grandeza do seu significado. Me comoveu muito e, conscientemente ou não, sempre busco levar adiante essa corrente do bem porque realmente acredito que colhemos o que plantamos. Eu quero colher apenas frutos bons. E você, o que tem colhido?


*@julianagribeiro.jornalista é jornalista e uma das fundadoras do Vida de Adulto.

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