Oi, sumida


Foto: Depositphotos

Uma amiga me liga chateada. Estava saindo com um cara, se apaixonou e demonstrou isso. Ele disse que também estava gostando dela. Um dia, chamou o moço pra ir ao cinema. Ele desapareceu e levou um mês pra responder. No sábado à noite, mandou a clássica mensagem: “Oi, sumida rs”. Ao dizer que ficou magoada com a falta de resposta, recebeu como justificativa: “Mas a gente não namora, não tenho de te dar satisfação”. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Difícil precisar explicar o óbvio. Não se trata de satisfação, mas daquela educação mínima que você dispensa ao porteiro, à diarista, à colega de trabalho ou a qualquer outra pessoa que, quando te pergunta algo ou te faz um convite, você responde. Se quem estiver em questão for alguém que goste de você, mesmo que não seja recíproco, trata-se de uma coisa chamada responsabilidade afetiva.

Responsabilidade afetiva não significa assumir um compromisso e nem mesmo ser apaixonado pela pessoa, mas ter cuidado e respeito com os sentimentos dela.

Quando ambos querem apenas sexo, o “oi sumida” pode soar engraçado e até apimenta o jogo de sedução. Mas quando uma das partes está envolvida emocionalmente, ele perde a graça e ganha ares de cinismo. Quem não pode dar o que o outro espera também não tem o direito de criar expectativas.

Minha amiga disse que ele fez isso porque se acha “o” cara. Discordo. “O” cara sabe exatamente o que quer e não perde tempo enrolando uma pessoa que não é a fim. Ele não busca uma ficada pra fazer volume, mas para fazer sentido. O cidadão do “oi, sumida” é só mais inseguro no meio da multidão. É só alguém que precisa de um séquito de mulheres pra dar a ele o valor que ele próprio não acredita que tem.

Uma mulher pode ser paciente na espera de alguém que a interesse, mas não gosta de levar vácuo. Vácuo a gente dá em embalagem de carne, não em pessoas. Ela também sabe sumir do mapa. Nessas horas, geralmente o cidadão retorna, intrigado com o desaparecimento. Aí sua fala clichê fará todo sentido. Porque sumida é tudo o que ela é – e continuará a ser pra ele.


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