Desisti do silicone
Em tempos de ampla exposição midiática de corpos, lançamentos de lipoaspiração 3D e mortes de mulheres jovens após a realização de procedimentos estéticos, decidi contar a vocês: eu desisti das próteses de silicone!
Ahhh, garanto que há quem pense: “Lá vem um texto ‘fútil’ falando de positive body”. Pode até ser, viu? Mas existe reflexão também.
Meus seios sempre foram pequenos e, na adolescência, me incomodavam.
Levei a chateação de ouvir que tinha “ovos fritos” ou “caroços de jaboticaba” para a vida adulta e bradava: “Quando puder, colocarei silicones. Me aguarde”.
Olho para a estrutura das mulheres da minha família e constato: é genético. Isso tudo aliado há anos de ballet. Seria impossível ter seios fartos.
Anos mais tarde, lendo “O Mito da Beleza”, de Naomi Wolf, indicado por Lilian Sá e Ana Carolina, percebi que havia muita pressão social por trás do desejo.
Quando estava na metade do livro, fui até o espelho e refleti: “Amo andar sem sutiã. Gosto da praticidade de usar tamanho P e já gastei com tantas coisas, mas acho absurdo parcelar uma prótese em 24x, fazer um consórcio ou juntar dinheiro para tal fim”.
Peguei papel e caneta, conversei com meu companheiro e percebi que quando são desejos natos, me esforcei e me esforço para realizar. “É, o silicone nunca foi um sonho real”.
Gosto de me cuidar, amo clínicas para tratamentos estéticos e apoio quem está incomodado com algo e quer mudar. Porém, reconheço: os silicones não eram um desejo genuíno. Era algo socialmente imposto e, para mim, completamente desnecessário!
Agora, me conte: o que você acreditava ser um sonho seu e que na verdade fazia parte de muita pressão social?
*@carlacaroline25 é colaboradora fixa do Vida de Adulto. Escreve aos domingos, duas vezes por mês.