Carta à minha amiguinha
Há uns 10 anos sonhei contigo. A vovó Roseli, também. Tínhamos plena certeza de que um dia você chegaria. A princípio, era algo irreal. Os anos se passaram, namorados chegaram e partiram. Acredita que alguns ousaram dizer que seriam seu pai? Pois bem…
A vida seguiu seu fluxo. Pensei que nosso encontro não aconteceria e foquei em outras coisas. Porém, sempre que o assunto era gestar, você surgia. Sapeca, falante e com os cabelos crespos/cacheados.
Quando soube da sua chegada, confesso, as lágrimas não foram de felicidade. Houve desespero e incerteza. Porém, o papai sempre esteve conosco. É, ele “comprou” a ideia de ser pai da Nina, mesmo sem nunca querer ter filhos. Acredita?
Hoje, quase cinco anos depois, creio que escolher pelo seu nascimento foi uma das melhores e mais importantes decisões de nossas vidas.
Enquanto escrevo, você ao lado, fazendo poses e perguntando: “Quem é a sua filha mais linda”? A resposta é óbvia…
Mesmo diante da relação mãe e filha, da tal “hierarquia” e outras coisas que permeiam a maternidade/paternidade, nos chamamos de “mana” e “amiguinha”. Ahhh… e o Papai diz que você é uma “princesa” ou uma “lindinha”.
Tivemos alguns sustos nos últimos meses e o nosso amor só aumentou. A pandemia nos deixou mais próximas, houve estresse e você usou as folhas do arranjo da sala para fazer chás para as bonecas. No entanto, nesses 13 meses de convivência diária e quase ininterrupta, pudemos ver o quanto você cresceu, como és engraçada, amorosa, dramática, organizada e vaidosa.
Sinto muito medo do que terás de enfrentar. Como quero que a menina determinada e empoderada que vi nascer torne-se uma mulher consciente do seu lugar nesse mundo maluco, preconceituoso e machista.
Enfim… só escrevo para que saibam o quanto te amo. Aliás, o quanto a amamos! Obrigada por tanto!
*@carlacaroline25 é jornalista e colaboradora fixa do Vida de Adulto. Veja Quem é Carla Caroline.