A menina que queria jogar futebol
Thatiane tinha oito anos quando começou a jogar bola com o pai e os meninos da rua. Nas aulas de educação física, enquanto as garotas escolhiam basquete ou queimada, ela preferia o futebol com os meninos. Com o tempo, passou a ser “escolhida” para o time masculino.
A brincadeira virou paixão e, com o apoio da família, foi fazer teste no Clube Aliança, de Goiânia (GO), onde jogou cinco anos. No início, foi bem difícil por causa da falta de apoio financeiro e do preconceito.
Para a maioria, futebol feminino era sinônimo de homossexualidade. “Hoje, entendo que até eu tinha preconceito. Para algumas pessoas eu não gostava de falar que jogava bola.”
Aos 14 anos, começou a jogar no time adulto e viajava frequentemente para participar de campeonatos, sempre com a mãe ao lado. Além do campeonato goiano, esteve na Taça Brasil (antigo campeonato brasileiro), que lembra com carinho. “Jogamos contra o time da Formiga (atual Seleção Brasileira). Perdemos, é claro, mas nosso time não tinha nenhum incentivo. Se nem elas tinham, imagina a gente”.
Nessa época, sonhava em fazer teste em um grande time, mas viajar para outros estados era muito caro. No final da adolescência, sem ver perspectivas de carreira no futebol, optou pela Engenharia Civil e deixou o esporte. “Foi um sonho que ficou para trás”, conta.
Só voltou a jogar anos depois no time da instituição pública onde hoje trabalha. Segundo ela, com meninas que também tiveram o futebol como paixão.
Thatiane é uma brasileira apaixonada por futebol que um dia sonhou ser profissional. A falta de investimentos no setor, a quase inexistência da carreira no país e o preconceito dificultaram seu sonho. Como ela, quantas outras não tentaram o mesmo?
Hoje, Thati acredita que as coisas mudaram. “Podemos ser mais livres para fazer o que gostamos, independente do futebol ser de menino ou menina, mas ainda vejo um caminho muito grande a percorrer”.
Como ela, também espero respeito às jogadoras e que o futebol feminino tenha investimentos para ser profissão. Que as mulheres possam conquistar mais esse espaço no mercado de trabalho.