Não apertem os cintos

Foto: TV Cultura

O homem na faixa dos 40 anos entra no avião parecendo cansado. Ele senta-se na poltrona do corredor, afivela o cinto de segurança e coloca os fones de ouvido. Eu, sentada do lado da janela, tenho vontade de perguntar por que ele já fechou o cinto se o banco do meio ainda continua vazio e o passageiro pode chegar a qualquer momento. Não seria melhor esperar isso antes de se acomodar?

Me lembrei de quando assisti Leandro Karnal falando sobre inteligência emocional em um jornal da TV Cultura. Filósofo e professor da Universidade de Campinas (Unicamp), ele explicava a importância de analisarmos o ambiente ao redor para definirmos as atitudes que devemos tomar para determinada situação. Esqueci o assunto que gerou o debate, mas sempre me lembro dessa história.

Karnal citou como exemplo de falta de inteligência emocional a atitude da pessoa que senta-se na poltrona do corredor e afivela o cinto de segurança mesmo percebendo que os dois bancos do lado estão vazios. A pessoa sabe que terá de abrir o cinto e se levantar quando esses passageiros chegarem. Mesmo assim, escolhe o caminho menos lógico e mais trabalhoso.

Como explicar essa atitude? É o que sempre me pergunto quando vejo situações como essa. Talvez o passageiro ao meu lado apenas tenha agido automaticamente, mas e se ele for o exemplo citado pelo Karnal? Afinal, todo mundo conhece uma pessoa que adora complicar as coisas. Pode ser a chefia, um colega de trabalho, um amigo, um parente.

Sempre há alguém que escolhe o caminho mais complicado e sem lógica. Até parece ser uma maneira de mostrar para o mundo o quanto ele (ou ela) é esperto e inteligente e consegue resolver situações complexas. O problema é que a complexidade, às vezes, foi criada pela própria pessoa. Então como assim??

Confesso que não tenho muita paciência com isso. Quando meu radar detecta alguém com esse tipo de comportamento, me afasto e tento manter contato apenas o necessário. Prefiro pedir licença e seguir meu caminho. Afinal, sai da frente que atrás vem gente, já diz o ditado popular.

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