O aniversário da minha mãe

Da esquerda para a direita, Maria Rita (minha mãe) com trinta e poucos anos, minha irmã Tatiane (no colo), meu irmão Antônio Sérgio e eu (Foto: Arquivo pessoal/1980)

Ela fica brava quando senta no assento especial do ônibus ou pega a fila preferencial e percebe que algumas pessoas a olham com “cara feia”, achando que ela é muito jovem e não tem o direito de estar ali. Ao mesmo tempo, fica muito feliz quando vai ao médico e escuta que sua saúde é comparável à de uma jovenzinha. Ela também gosta de contar quando estranhos, no ônibus, consultório e em outros lugares, contam histórias e acham que ela não se lembra do assunto porque não é da “sua época”.

Minha mãe faz aniversário esta semana e assim, como eu, ela é ariana. Disfarçada. Mas toda a ousadia, braveza e impaciência típicas do signo estão lá, bem escondidos. De vez em quando se manifestam, mas logo voltam a ser discretos.

Talvez essa discrição seja resultado da educação severa que recebeu do meu avô, um fazendeiro do interior de Goiás, famoso por sua “braveza”.

Ela conta que desde jovem sempre quis trabalhar e estudar, mas meu avô não permitiu.

Com o tempo, ela e meu pai (que também não pôde realizar seus sonhos de estudo) transmitiu para os filhos todo esse desejo de estudar, trabalhar e conhecer o novo.

A sementinha já estava dentro de nós, mas ela e meu pai jogaram água, colocaram terra e ajudaram a plantinha a vingar até que virasse uma árvore enorme, que continua a crescer até hoje.

Eu, minha irmã e meu irmão sempre fomos incentivados a correr atrás de nossos sonhos. Sempre tivemos minha mãe e meu pai como apoiadores de tudo que decidimos fazer, mesmo quando não havia garantias de que as coisas dariam certo depois da mudança de cidade/emprego/trabalho/curso. Enquanto algumas pessoas perguntavam, assustadas e preocupadas, sobre as garantias do futuro, eles nunca nos confrontaram. Espero que não tenham se arrependido de alguns apoios.

Minha mãe faz aniversário esta semana e decidi fazer essa homenagem para agradecer tudo que sempre fez por mim. Ela conta que eu era um bebê “pirracento” e mimado (também eu era a primogênita!). Mesmo assim, teve paciência comigo. Espero que continue a ter.

Parabéns, mãe!

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