Mãe não é pai…
*Carla Caroline
Há pouco mais de três anos parei de desejar “Feliz Dia dos Pais” à minha mãe. A mudança veio após leituras, terapia, busca por autoconhecimento e com o nascimento da minha filha. Todo esse processo me mostrou que pai e mãe têm papéis diferentes na vida de um ser humano, que cada um possui a sua “responsabilidade” no emocional de um filho e que “Pãe”, para mim, coloca uma carga ainda maior sob uma mulher que já terá de cuidar de uma criança sozinha.
Sempre irei honrar a mulher que me gerou, educou e é minha inspiração em vários aspectos. Porém, minha mãe não é meu pai. Ela é a melhor mãe do UNIVERSO. No entanto, quem deveria ir às festinhas da escola e estar em inúmeros momentos importantes da minha vida, incluindo os emocionais, dedicados aos homens, era ele e não ela. Não há substituição.
Compreender os motivos que levaram ao abandono parental, não apenas do meu pai, mas de grande parte da família dele, fizeram com que interiormente muita coisa fosse ressignificada. E, assim, passei a admirar muitos homens que exercem papéis de pais ao meu redor.
Meu irmão é um pai incrível. Mesmo jovem e com quatro filhos, ele tenta deixar as marcas que o homem que nos gerou não provocou em nós. Talvez esse seja o meio encontrado por ele para seguir em frente e deixar aquele bebezinho que ficou com a mãe aos cinco meses de idade e que ouviu inúmeros absurdos justamente por não possuir a tal figura paterna por perto.
O pai da Nina, meu companheiro, é a personificação dos meus sonhos com meu próprio pai. Além de executar todo escopo de tarefas (sic), ele brinca de casinha e entra nas fantasias dela, coisa que eu não tenho a menor paciência. É, ele tem colocado, em mim, boas referências paternas.
Olho para cada situação e penso como meu pai me fez falta. Hoje, agradeço a ausência dele. E, neste Dia dos Pais, abraço e felicito todos aqueles que assumem as suas responsabilidades, também emano boas energias aos que não estão aqui, fisicamente, próximos a nós. Aos demais, só peço que o dia seja de muita reflexão.
PS: Em tempo, meu pai não morreu. Ele está vivo e há mais de dez anos não o vejo.
*Carla Caroline escreve aos domingos, a cada 15 dias. Quer saber mais sobre ela? Leia aqui.