Muito além de beijos e abraços

Carla Caroline no Blog Vida de Adulto
Foto: Arquivo pessoal

*Carla Caroline

Escrever sobre o Dia dos Pais, para mim, não é tarefa fácil. Tenho 33 anos e convivi apenas seis deles com o meu. O casamento acabou e meu pai foi tocar a vida. Nós (eu e meus irmãos) ficamos com a minha mãe (amém). Não o vejo há anos e, assim, seguimos.

Diante de tudo, há quatro anos, com a chegada da Nina, aprendi a celebrar a data com amor, carinho, admiração e resiliência. Desde os primeiros dias da gestação, Neto tornou-se PAI. Sim, com todas as letras maiúsculas.

Não aceito vê-lo, exclusivamente nesse papel, já que o cara tem qualidades e defeitos (não é santo, né?) em vários aspectos. Porém, foi ele quem me mostrou a importância do segundo domingo do mês de agosto de maneira simples, leve e sem cobranças.

Com ele, as tarefas são cumpridas de acordo com a disponibilidade de cada um e, felizmente, a presença é real. Há momentos em que paro para admirar o cuidado para lavar e pentear os cachos da nossa filha ou a maneira com que ele explica (mil vezes) que não pode pular no sofá.

Tenho zero paciência para as brincadeiras com bonecas. Já Neto, fica horas entretendo a criança com direito a ser a “voz” da Moranguinho (brinquedo favorito da nossa filha). Dividir com ele a carga familiar é libertador.

Além de Neto, meu irmão Alexander (@alexgeraldo), pai de três meninos e, em alguns momentos, responsável pela enteada, é outro exemplo de amor e cuidado paterno. São eles que me ajudam a “superar” as dores provocadas por Dias dos Pais sem pai e que me mostram que é possível ser PRESENTE, mesmo em momentos de dificuldades.

Mas, reconheço: sou privilegiada. Neste momento, muitas mulheres não têm com quem abordar os desafios dos cuidados diários da vida de um filho.

Por isso, hoje, além de beijos e abraços em pais, companheiros, irmãos, tios, avôs e vizinhos, peço para que paremos para refletir sobre aqueles que respiram os ares do abandono parental e, também, em relação às mais de 5,5 milhões de crianças brasileiras que, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), baseados no Censo Escolar de 2011, não têm o nome do pai na certidão de nascimento.


*@carlacaroline25 é colaboradora fixa do Vida de Adulto. Escreve aos domingos, duas vezes por mês.

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