Vergonha de estar feliz
Amoooo dar risada. Não! Na verdade, gosto de dar gargalhadas daquelas bemmm altas, de jogar a cabeça para trás, cujos sons são estranhos. Mas, desde o início da pandemia, lá em 2020, a cada vez que me permito uma dessas risadas estrondosas, logo depois, sinto uma culpa imensa. Sim, culpa e vergonha de estar feliz!
Até o último sábado, 12 de junho, não havia parado para refletir como sinto culpa (dentre as várias que carrego) a cada vez que meus dentes aparecem em uma foto ou em uma conversa despretensiosa.
Após os segundos de alegria, me surgem em mente: “Você está rindo do caos, sua palhaça?”. É. Então, saboto minha felicidade genuína e fico pensando se deveria parar de sorrir das boas coisas que ocorrem no dia a dia. Será que é errado? Aliás, existe certo e errado? Bom ou mau?
Mesmo diante de tudo o que estamos vivendo nos últimos meses, agradecer às pequenas coisas é necessário, não? Ter casa, trabalho, comida e saúde tem sido um privilégio e desfrutar de tais benefícios nos tira sorrisos, certo? Ou ser grato em meio a uma crise sanitária, humanitária e econômica é viver no “Mundo de Alice”?
Viver no “Mundo de Alice” é ruim?
Um abraço apertado, um cheiro na “cria”, uma simples mensagem de amor e carinho ou um meme (amooooooo) nos deixam mais leves e nos fazem acreditar que existe amor no próximo. Na vida. E é isso o que nos mantêm em pé, né?
Ao mesmo tempo em que me culpo por estar feliz, acho injusto não dividir com quem me rodeia um pouco de paz e acalanto. Talvez, tudo o que quem está por perto precisa é de uma boa gargalhada, de um pouco de conforto e paz. É… o sorriso traz paz.
Então, proponho uma reflexão: você tem sentido culpa por se permitir sorrir ou por se deixar ser minimamente feliz?
*@carlacaroline25 é jornalista e colaboradora fixa do Vida de Adulto.
