Preciso te pedir perdão
É tempo de pedir desculpas. Essa frase vem martelando na minha cabeça há dias, sem me dar muitas explicações.
Deve ser mais uma das minhas intuições bobas, pensei. Tentei disfarçar, inventar temas de texto para escrever pro blog, focar em novos projetos, ir ao mercado, regar as plantas, costurar os brinquedos dos cachorros.
A tal frase continuou ali, firme, como um mantra: “É hora de pedir desculpas”. Deixei a intuição se sobrepor à razão e aceitei. Resolvi me escutar e parti para uma árdua tarefa: escrever um pedido de perdão.
Passei semanas chocando esse texto sem sair nada. Como é difícil pedir desculpas… Coloquei milhares de obstáculos: mas quem estaria esperando as minhas desculpas?
O primeiro pensamento que tive foi: ninguém. Seria muita audácia minha pensar que alguém se importaria a tal ponto de estar aguardando uma mensagem, uma ligação, um sinal de fumaça da minha parte.
Ultrapassei essa barreira. Desci do meu pedestal particular e achei que sim: que eu devia um pedido de desculpas.
Obviamente errei, erro e errarei muito. Fiz uma lista mental do perdão. E se tive dificuldades para abrir a minha lista com um nome, agora estou com dificuldade para fechá-la, já que em todos os momentos me vem mais alguém à cabeça a quem eu devo me desculpar.
Errei tentando acertar. Errei sabendo que estava errando. Errei por medo, por egoísmo, por ilusão, por imaturidade, por impulso. Mas em todos os meus erros, nunca errei com o intuito de magoar.
Não sei errar pra machucar o outro, apesar de ter plena consciência de que, muitas vezes – na verdade, na maioria delas – o resultado acaba sendo este.
E não, este(s) pedido(s) de desculpas não tem destinatário, com nome completo, endereço e cep. Este(s) pedido(s) tem culpa.
Por isso, se você se encaixa neste texto, por qualquer que seja o motivo – do que você julgava ser bobo, ao mais sério, do que você tinha certeza de que eu era/sou a pior pessoa que habita este planeta – preciso te pedir perdão. Para aliviar a minha culpa, preciso te pedir desculpa.